OS 12 Trabalhos de Hércules
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OS 12 Trabalhos de Hércules
Héracles (em grego: Ἡρακλῆς; transl.: Heraklēs, um composto formado por Ἥρα, "Hera", e κλέος, "glória") , na mitologia grega, era um semideus, filho de Zeus e Alcmena, é bisneto de Perseu. Reunindo grande força e sagacidade, Héracles foi, na mitologia greco-romana, o mais célebre de todos os heróis, um símbolo do homem em luta contra as forças da Natureza, exemplo de masculinidade, ancestral de diversos clãs reais (os Heráclidas) e paladino da ordem olímpica contra os monstros ctônicos.
Na mitologia romana e na maior parte do Ocidente moderno o herói se tornou célebre pelo seu nome latino, Hércules.
Origens:
Anfitrião havia sido banido de Micenas ao matar, por acidente, seu rei Electrião, e se refugiou em Tebas. Alcmena, filha de Electrião, pediu para que Anfitrião se vingasse dos filhos de Ptérela, que haviam morto seus irmãos. Durante a ausência de Anfitrião, Zeus, assumindo a aparência deste, chegou à noite, em Tebas, e deitou-se com Alcmena, contando sobre a campanha. Quando, no dia seguinte, Anfitrião chegou e foi recebido com frieza, soube, através de Tirésias, que Zeus havia se aproveitado de sua esposa.
Alcmena teve dois filhos, Hércules, filho de Zeus, e Íficles, filho de Anfitrião. Quando Hércules tinha oito meses de idade, Hera (ou o pai, Anfitião, segundo Ferécides de Leros) colocou duas serpentes em seu berço, para matá-lo, mas Hércules as destruiu, estrangulando uma em cada mão. Segundo Ferécides, Anfitrião fez isto para saber qual era seu filho, pois Íficles fugiu e Hércules ficou firme.
O Trabalhos:
Mais tarde, já adulto, Héracles assassinou sua esposa, Mégara, filha de Creonte , e seus três filhos, num acesso de loucura provocado por Hera . Quando se deu conta do que havia feito, o herói se isolou, fugindo para o campo e vivendo sozinho. Foi encontrado por seu primo Teseu, e foi convencido a visitar o oráculo em Delfos, para recuperar sua honra. O oráculo lhe contou que, como penitência, Hércules deveria executar uma série de dez tarefas , ou trabalhos, e servir doze anos a Euristeu, e ao final dos trabalhos ele se tornaria imortal . Euristeu era o homem que ele mais odiava, por haver herdado o seu direito de nascença. Foi a pitonisa quem primeiro chamou o heroi de Héracles, até então ele era conhecido pelo nome de Alcides .
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
O 1º Trabalho de Hércules
“A Captura das Éguas Antropófagas”
O aprendizado sobre o controle da mente
Mitologia
Diomedes, filho de Marte, governava uma terra de pântanos onde criava os cavalos e as éguas para a guerra. Os cavalos eram selvagens e as éguas eram ferozes, diante dos quais os homens tremiam, pois elas matavam todos os que cruzassem seu caminho e procriavam sem cessar cavalos extremamente selvagens e perversos.
Hércules recebeu a tarefa de capturar as malignas éguas e dar um fim às suas atrocidades. Por isso, Hércules chamou seu inseparável amigo, Abderis.
Após planear seus atos cuidadosamente, os dois seguiram os cavalos soltos pelos pântanos da região e, finalmente, encurralaram as éguas bravias num campo onde não havia espaço para que se movessem. Lá ele agarrou-as e acorrentou-as e deu gritos de alegria pelo sucesso alcançado.
Tão feliz se sentia que julgou indigno de si conduzir as éguas até Diodemes e para isso chamou Abderis, deu-lhe a tarefa e seguiu adiante. Mas Abderis era fraco e teve medo. Não conseguiu conter as éguas que se voltaram contra ele e mataram-no, fugindo em seguida.
Hércules retornou à sua tarefa, mais sábio, presa da dor, humilde e abatido. Procurou os cavalos por toda a parte, deixando o amigo morto no chão. Prendeu novamente os cavalos e conduziu-os ele mesmo. Mas Abderis estava morto. Os cavalos foram conduzidos para um lugar de paz para serem domesticados e adestrados e o povo aclamava Hércules como seu libertador e salvador de sua terra. Mas seu amigo estava morto e Hércules sabia que o Primeiro Trabalho estava feito, mas mal feito.
Sabia que havia uma importante lição a aprender dessa tarefa antes de prosseguir.
Astrologia
Este primeiro trabalho está associado ao signo de Carneiro.
Carneiro governa a cabeça, portanto é um signo mental. Todos os começos se originam no plano mental e na mente do criador. Consequentemente, está claro que em Carneiro começam a correta direção e a correta orientação de Hércules. O alvo simboliza a atividade intelectual: o cavalo branco representa a mente iluminada do homem espiritual e cavalos negros, representam a mente inferior com as suas ideias falsas e erróneos conceitos humanos.
O significado desta prova está agora muito mais evidente. Hércules tinha que começar no mundo do pensamento para obter o controlo mental. As éguas do pensamento vinham produzindo cavalos guerreiros e, através do pensamento errado, da palavra errada e de ideias erróneas, devastavam os campos.
Uma das primeiras lições que todo o principiante tem que aprender é o tremendo poder que ele exerce mentalmente, e a extensão do mal que ele pode causar no meio que o circunda, através das “éguas reprodutoras da mente”. Por isso ele tem que aprender o correto uso da sua mente e a primeira coisa a fazer é capturar as éguas e providenciar para que não gerem mais cavalos guerreiros.
Para aquele que pretende seguir o Caminho, basta que dedique um único dia a observar o pensamento e perceberá que quase todo o tempo, a maldade, o amor, a fofoca e a crítica estão a ser fertilizadas pelo egoísmo e ilusão.
Hércules compreendeu o mal que as éguas estavam causando e correu em socorro das pessoas, determinado a capturá-las; porém ele superestimou-se quando não percebeu a potência e a força que elas possuíam, tanto que as entregou a Abderis, o símbolo do eu inferior pessoal.
Hércules, a alma, e Abderis, a personalidade, juntos eram necessários para guardar as éguas.
Sozinho, Abderis não tinha força suficiente e por isso foi morto.
Abderis, incapaz de contrariar quem ama, tal como no signo da Balança, não teve coragem de enfrentar o seu amigo, mostrando o seu medo, temendo perder o seu Amor.
Com a morte de Abderis, e a necessidade de tratar do seu corpo, após o cumprimento da sua tarefa (apanhar as éguas), Hércules defronta-se com o seu orgulho e vaidade e com a aprendizagem dos limites entre o eu e o outro. Enquanto na Balança, o respeito por si próprio ao assumir que não seria capaz de tal tarefa, espelha-se no Carneiro, destemido, que na sua ânsia e coragem de guerreiro, nem compreende a incapacidade do outro.
Assim funciona a grande lei: pagamos em nossas próprias naturezas o preço das palavras incorretamente proferidas e pelas ações mal julgadas. Assim, uma vez mais, a alma da pessoa de Hércules teve que lidar com o problema do pensamento erróneo, e somente mais tarde ele consegue realmente atingir o controlo total dos processos de pensamento e de sua natureza.
Tarot
O caminho de Hércules pode muito bem ser associado ao caminho do herói através do Tarot.
Em cada trabalho que Hércules realiza há uma lição de vida a aprender. Cada passo dado pelo herói é um passo na construção do seu mundo interior que o levará de volta a estado inicial – a Casa do Pai.
Em cada trabalho tenta-se recriar um percurso possível neste Mundo Manifestado e cada um deles terá uma aprendizagem, sumarizada num único Arcano Maior. Todavia, o interesse reside no percurso feito para chegar a um fim e não no inverso.
Em cada lição o herói assume uma energia, representada por um Arcano, mas também um adjuvante na sua história, que o encaminhará para a lição pretendida.
Hércules está no seu estado inicial, é o Mago com todos os instrumentos e características necessárias para iniciar a Viagem. A sua primeira prova é recolher as éguas do filho de Marte e levá-las para um local onde possam ser domadas. Ao retirar as éguas e cavalos dos pântanos, Hércules, dá o primeiro passo no domínio do exterior, consegue o pretendido e fica arrogante. O iniciado muitas vezes, quando começa a ver no exterior os resultados das suas ações, começa a ficar convencido de que já é capaz de fazer tudo. Torna-se arrogante e avança por caminhos que o retardarão de certeza.
Levando a lição para o tarot, podemos ver o Mago a transformar facilmente no Imperador e, na vez de realizar a tarefa, manda o seu amigo fazê-la. A energia do Imperador é neste estado ainda muito forte para o herói, ele ainda não aprendeu a dominar as suas próprias atitudes e, por isso, não poderá dominar os outros. Antes de chegar ao domínio completo e ao poder total de si e dos outros, ele precisa de enfrentar outras provas.
O Mago é a ingenuidade, a inexperiência do iniciado, mas é também a sua Vontade nata, a sua força impulsionadora, a sua ação. Quando a ação do Mago é bem direcionada, o herói avança de etapa em etapa, respeita as regras, mostra a sua reverência perante os mistérios e respeita as provas pelas quais tem de passar. Porém, quando a Vontade do Mago o leva a exercer o seu poder de forma desenfreada, desregrada e ambiciosa...nada mais há a fazer do que voltar atrás e fazer tudo de novo.
Por conseguinte, ao agir dessa forma impulsiva e altiva, Hércules acende na sua Viagem a energia de um Arcano poderoso, a Torre. Hércules é obrigado a refazer a sua tarefa, pois a morte do seu amigo atinge-o como um raio na Torre, e da forma mais cruel o herói compreender que ninguém pode fazer a sua missão. Além disso, compreende agora o percurso que terá de trilhar até poder chegar ao Imperador. O herói encontra a humildade e com ela o domínio do seu ego, da sua impulsividade, da ação desconcertada.
A energia mais forte presente nesta lição é a de Marte, senhor da ação, representante do nosso centro energético solar. Para agir devemos dominar os pensamentos, as emoções, a intuição e as sensações. Só aí seremos capazes de agir corretamente, sem a força destruidora das éguas dos pântanos, só aí o herói as conseguirá domar, mas nunca dominar, só aí se tornará no Imperador.
A energia adjuvante nesta lição é a Torre. O herói pode prosseguir confiante nas suas ações, pois quando elas estiverem a levá-lo para longe do seu caminho, a Torre fulminá-lo-á e encarregar-se-á de o recolocar o trilho correto. O perigo da Torre muitas vezes tem a ver com a frequência com que ela nos surge no caminho, quanto mais a ignorarmos mais forte e implacável ela se tornará. Como um pai cansado de avisar um filho negligente no cumprimento das regras, o raio atinge-nos e desmorona a nossa vida
“A Captura das Éguas Antropófagas”
O aprendizado sobre o controle da mente
Mitologia
Diomedes, filho de Marte, governava uma terra de pântanos onde criava os cavalos e as éguas para a guerra. Os cavalos eram selvagens e as éguas eram ferozes, diante dos quais os homens tremiam, pois elas matavam todos os que cruzassem seu caminho e procriavam sem cessar cavalos extremamente selvagens e perversos.
Hércules recebeu a tarefa de capturar as malignas éguas e dar um fim às suas atrocidades. Por isso, Hércules chamou seu inseparável amigo, Abderis.
Após planear seus atos cuidadosamente, os dois seguiram os cavalos soltos pelos pântanos da região e, finalmente, encurralaram as éguas bravias num campo onde não havia espaço para que se movessem. Lá ele agarrou-as e acorrentou-as e deu gritos de alegria pelo sucesso alcançado.
Tão feliz se sentia que julgou indigno de si conduzir as éguas até Diodemes e para isso chamou Abderis, deu-lhe a tarefa e seguiu adiante. Mas Abderis era fraco e teve medo. Não conseguiu conter as éguas que se voltaram contra ele e mataram-no, fugindo em seguida.
Hércules retornou à sua tarefa, mais sábio, presa da dor, humilde e abatido. Procurou os cavalos por toda a parte, deixando o amigo morto no chão. Prendeu novamente os cavalos e conduziu-os ele mesmo. Mas Abderis estava morto. Os cavalos foram conduzidos para um lugar de paz para serem domesticados e adestrados e o povo aclamava Hércules como seu libertador e salvador de sua terra. Mas seu amigo estava morto e Hércules sabia que o Primeiro Trabalho estava feito, mas mal feito.
Sabia que havia uma importante lição a aprender dessa tarefa antes de prosseguir.
Astrologia
Este primeiro trabalho está associado ao signo de Carneiro.
Carneiro governa a cabeça, portanto é um signo mental. Todos os começos se originam no plano mental e na mente do criador. Consequentemente, está claro que em Carneiro começam a correta direção e a correta orientação de Hércules. O alvo simboliza a atividade intelectual: o cavalo branco representa a mente iluminada do homem espiritual e cavalos negros, representam a mente inferior com as suas ideias falsas e erróneos conceitos humanos.
O significado desta prova está agora muito mais evidente. Hércules tinha que começar no mundo do pensamento para obter o controlo mental. As éguas do pensamento vinham produzindo cavalos guerreiros e, através do pensamento errado, da palavra errada e de ideias erróneas, devastavam os campos.
Uma das primeiras lições que todo o principiante tem que aprender é o tremendo poder que ele exerce mentalmente, e a extensão do mal que ele pode causar no meio que o circunda, através das “éguas reprodutoras da mente”. Por isso ele tem que aprender o correto uso da sua mente e a primeira coisa a fazer é capturar as éguas e providenciar para que não gerem mais cavalos guerreiros.
Para aquele que pretende seguir o Caminho, basta que dedique um único dia a observar o pensamento e perceberá que quase todo o tempo, a maldade, o amor, a fofoca e a crítica estão a ser fertilizadas pelo egoísmo e ilusão.
Hércules compreendeu o mal que as éguas estavam causando e correu em socorro das pessoas, determinado a capturá-las; porém ele superestimou-se quando não percebeu a potência e a força que elas possuíam, tanto que as entregou a Abderis, o símbolo do eu inferior pessoal.
Hércules, a alma, e Abderis, a personalidade, juntos eram necessários para guardar as éguas.
Sozinho, Abderis não tinha força suficiente e por isso foi morto.
Abderis, incapaz de contrariar quem ama, tal como no signo da Balança, não teve coragem de enfrentar o seu amigo, mostrando o seu medo, temendo perder o seu Amor.
Com a morte de Abderis, e a necessidade de tratar do seu corpo, após o cumprimento da sua tarefa (apanhar as éguas), Hércules defronta-se com o seu orgulho e vaidade e com a aprendizagem dos limites entre o eu e o outro. Enquanto na Balança, o respeito por si próprio ao assumir que não seria capaz de tal tarefa, espelha-se no Carneiro, destemido, que na sua ânsia e coragem de guerreiro, nem compreende a incapacidade do outro.
Assim funciona a grande lei: pagamos em nossas próprias naturezas o preço das palavras incorretamente proferidas e pelas ações mal julgadas. Assim, uma vez mais, a alma da pessoa de Hércules teve que lidar com o problema do pensamento erróneo, e somente mais tarde ele consegue realmente atingir o controlo total dos processos de pensamento e de sua natureza.
Tarot
O caminho de Hércules pode muito bem ser associado ao caminho do herói através do Tarot.
Em cada trabalho que Hércules realiza há uma lição de vida a aprender. Cada passo dado pelo herói é um passo na construção do seu mundo interior que o levará de volta a estado inicial – a Casa do Pai.
Em cada trabalho tenta-se recriar um percurso possível neste Mundo Manifestado e cada um deles terá uma aprendizagem, sumarizada num único Arcano Maior. Todavia, o interesse reside no percurso feito para chegar a um fim e não no inverso.
Em cada lição o herói assume uma energia, representada por um Arcano, mas também um adjuvante na sua história, que o encaminhará para a lição pretendida.
Hércules está no seu estado inicial, é o Mago com todos os instrumentos e características necessárias para iniciar a Viagem. A sua primeira prova é recolher as éguas do filho de Marte e levá-las para um local onde possam ser domadas. Ao retirar as éguas e cavalos dos pântanos, Hércules, dá o primeiro passo no domínio do exterior, consegue o pretendido e fica arrogante. O iniciado muitas vezes, quando começa a ver no exterior os resultados das suas ações, começa a ficar convencido de que já é capaz de fazer tudo. Torna-se arrogante e avança por caminhos que o retardarão de certeza.
Levando a lição para o tarot, podemos ver o Mago a transformar facilmente no Imperador e, na vez de realizar a tarefa, manda o seu amigo fazê-la. A energia do Imperador é neste estado ainda muito forte para o herói, ele ainda não aprendeu a dominar as suas próprias atitudes e, por isso, não poderá dominar os outros. Antes de chegar ao domínio completo e ao poder total de si e dos outros, ele precisa de enfrentar outras provas.
O Mago é a ingenuidade, a inexperiência do iniciado, mas é também a sua Vontade nata, a sua força impulsionadora, a sua ação. Quando a ação do Mago é bem direcionada, o herói avança de etapa em etapa, respeita as regras, mostra a sua reverência perante os mistérios e respeita as provas pelas quais tem de passar. Porém, quando a Vontade do Mago o leva a exercer o seu poder de forma desenfreada, desregrada e ambiciosa...nada mais há a fazer do que voltar atrás e fazer tudo de novo.
Por conseguinte, ao agir dessa forma impulsiva e altiva, Hércules acende na sua Viagem a energia de um Arcano poderoso, a Torre. Hércules é obrigado a refazer a sua tarefa, pois a morte do seu amigo atinge-o como um raio na Torre, e da forma mais cruel o herói compreender que ninguém pode fazer a sua missão. Além disso, compreende agora o percurso que terá de trilhar até poder chegar ao Imperador. O herói encontra a humildade e com ela o domínio do seu ego, da sua impulsividade, da ação desconcertada.
A energia mais forte presente nesta lição é a de Marte, senhor da ação, representante do nosso centro energético solar. Para agir devemos dominar os pensamentos, as emoções, a intuição e as sensações. Só aí seremos capazes de agir corretamente, sem a força destruidora das éguas dos pântanos, só aí o herói as conseguirá domar, mas nunca dominar, só aí se tornará no Imperador.
A energia adjuvante nesta lição é a Torre. O herói pode prosseguir confiante nas suas ações, pois quando elas estiverem a levá-lo para longe do seu caminho, a Torre fulminá-lo-á e encarregar-se-á de o recolocar o trilho correto. O perigo da Torre muitas vezes tem a ver com a frequência com que ela nos surge no caminho, quanto mais a ignorarmos mais forte e implacável ela se tornará. Como um pai cansado de avisar um filho negligente no cumprimento das regras, o raio atinge-nos e desmorona a nossa vida
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
Bom como não tivemos manifestações dos demais irmãos,
Vamos dar prosseguimento a Jornada do nosso Herói.
Héracles, Ou Hércules ainda tem 11 Trabalhos pela frente.
2º Trabalho
“A Captura do Touro de Creta”
O aprendizado sobre a natureza dos desejos.
Mitologia
Triste e só Hércules segue o seu Caminho para realizar o 2º trabalho.
No horizonte erguia-se a ilha onde vivia o touro que ele deveria capturar. O touro era guardado por um labirinto que desnorteava os homens mais audazes: o labirinto de Minos, Rei de Creta, guardião do touro.
Cruzando o oceano até à ilha ensolarada, Hércules iniciou a sua tarefa de procurar o touro e conduzi-lo ao lugar sagrado onde habitam os homens de um só olho, os Ciclopes.
De um lugar para o outro ele caçava o touro, seguindo a luz que brilhava na testa do animal. Sozinho ele perseguiu-o, encurralou, capturou e montou, e assim guiado pela luz, atravessou o oceano rumo à terra dos Ciclopes que eram três e chamavam-se Brontes, Esterope e Arges.
É importante observar que Minos, Rei de Creta, o dono do touro sagrado, possuía também o labirinto no qual o Minotauro vivia, e o labirinto tem sido sempre símbolo da grande ilusão. A palavra “labirinto e o touro é um destacado símbolo da grande ilusão. Estava separada do continente, e ilusão e confusão são características do eu-separado, mas não da alma em seu próprio plano, onde as realidades grupais e as verdades universais constituem o seu reino.
Para Hércules, o touro representava o desejo animal, e os muitos aspectos do desejo no mundo da forma, a totalidade dos quais constitui a grande ilusão.
O discípulo, tal como Hércules, é uma unidade separada; separada do continente, símbolo do grupo, pelo mundo da ilusão e pelo labirinto em que vive. O touro do desejo tem que ser capturado, domado e perseguido de um ponto a outra da vida do eu-separado, até ao momento em que o aspirante possa fazer o que Hércules conseguiu: montar o touro.
Montar um animal significa controlar. O Touro não é sacrificado, ele é montado e dirigido, sob o domínio do homem.
Astrologia
Este trabalho está associado ao signo de Touro e a Escorpião. A consumação do trabalho é realizada em Touro, e o resultado da influência deste signo, é a glorificação da matéria e a subsequente iluminação por seu intermédio.
Tudo o que atualmente impede a glória, que é a alma, e o esplendor que emana de Deus dentro da forma, de brilhar em sua plenitude, é a matéria ou aspecto-forma. Quando esta tiver sido consagrada, purificada e espiritualizada, então a glória e a luz poderão realmente brilhar através dela.
Neste trabalho procura-se vencer o desejo, representado pelo dono da ilha, que tem por alimento a fraqueza daqueles que se perdem, na tentativa de capturar o Touro ou o corpo e que são comandados pelo ego.
Aqui o trabalho de resgate do submundo (Escorpião), representa as pessoas que no passado ficaram ligadas ao desejo e que não trabalharam a forma mas sim a sedução, que não materializaram e se apropriaram das vontades daqueles igualmente dominados pelo ego e pelo desejo. Ao trazer este desejo à consciência e dominá-lo é ter o poder de vencer os vícios e as forças negativas.
Tarot
Depois de uma lição dura e “falhada” como a anterior, o herói vira-se para dentro de si e vai em busca do seu poder. Para isso o herói terá de encontrar o touro desenfreado que habita no labirinto e levá-lo para um lugar sagrado onde habitam os ciclopes, gigantes de um olho só. A analogia é simples para encontrarmos a nossa percepção devemos trabalhar bem o nosso poder intuitivo, domá-lo e elevá-lo aos céus. Caso contrário, estaremos sempre a andar em círculos dentro de um labirinto infindável, de nós e das nossas ilusões.
O herói torna-se neste trabalho na Alta Sacerdotisa, pois para conseguir caçar o Touro de Creta ele segue a luz que brilha na testa do animal. A Alta Sacerdotisa é o lado intuito, a centelha divina que todos somos. Ela é a guardiã do nosso livro da vida, ela sabe de onde viemos, para onde vamos e regista tudo o que fazemos, quem a encontra terá acesso a tudo.
A Alta Sacerdotisa ensina ao herói que tudo na vida é duplo, que neste Plano Manifestado há divisão binária em todas as coisas, até em si próprio. Para alcançar o seu lado espiritual ele precisa de conhecer o seu lado animal.
Mas, o objetivo deste trabalho de Hércules é o encontro do Arcano A Lua, senhora e regente do lado noturno do Homem. A Lua é a energia da percepção no seu apogeu. Ela representa o herói que alcançou a terra dos Ciclopes e que apenas rege a sua vida através do olho da mente.
Não obstante, esta energia pode ser prejudicial ao herói. Quando a Lua não é dominada, ela própria nos faz andar em círculos, embrenha-nos num labirinto onde a sua luz nos faz ter uma visão muito pouco clara do caminho. A tarefa do herói neste arcano é dominar o seu lado animalesco e passar a prova, deixar de agir de forma impulsiva, advenha ela de um ego descontrolado ou de uma percepção mal domada.
Portanto, neste trabalho para alcançar a energia da Lua de forma correta, o herói tem de passar pelo Diabo primeiro, pois ele terá de compreender a natureza das coisas. O Diabo é o confronto conosco, com os nossos desejos, com as nossas ambições, com a utilidade que damos à nossa percepção. A alta Sacerdotisa coloca o herói frente à besta e numa luta interminável, o herói acaba por a conseguir montar.
Neste trabalho, porém, parece que Hércules conseguiu de forma muito simples montar o animal e a pergunta que nos será obrigatório colocar é «Estará esse animal bruto em nós algum dia dominado? Seremos nós que o montamos sempre ou haverá alturas em que ele nos monta a nós?
«Para alcançar a luz da Lua o herói precisa de ir conhecer a escuridão do Diabo. Para sair da escuridão, o herói precisa de aceder à luz, usando da sua criatividade.»
Vamos dar prosseguimento a Jornada do nosso Herói.
Héracles, Ou Hércules ainda tem 11 Trabalhos pela frente.
2º Trabalho
“A Captura do Touro de Creta”
O aprendizado sobre a natureza dos desejos.
Mitologia
Triste e só Hércules segue o seu Caminho para realizar o 2º trabalho.
No horizonte erguia-se a ilha onde vivia o touro que ele deveria capturar. O touro era guardado por um labirinto que desnorteava os homens mais audazes: o labirinto de Minos, Rei de Creta, guardião do touro.
Cruzando o oceano até à ilha ensolarada, Hércules iniciou a sua tarefa de procurar o touro e conduzi-lo ao lugar sagrado onde habitam os homens de um só olho, os Ciclopes.
De um lugar para o outro ele caçava o touro, seguindo a luz que brilhava na testa do animal. Sozinho ele perseguiu-o, encurralou, capturou e montou, e assim guiado pela luz, atravessou o oceano rumo à terra dos Ciclopes que eram três e chamavam-se Brontes, Esterope e Arges.
É importante observar que Minos, Rei de Creta, o dono do touro sagrado, possuía também o labirinto no qual o Minotauro vivia, e o labirinto tem sido sempre símbolo da grande ilusão. A palavra “labirinto e o touro é um destacado símbolo da grande ilusão. Estava separada do continente, e ilusão e confusão são características do eu-separado, mas não da alma em seu próprio plano, onde as realidades grupais e as verdades universais constituem o seu reino.
Para Hércules, o touro representava o desejo animal, e os muitos aspectos do desejo no mundo da forma, a totalidade dos quais constitui a grande ilusão.
O discípulo, tal como Hércules, é uma unidade separada; separada do continente, símbolo do grupo, pelo mundo da ilusão e pelo labirinto em que vive. O touro do desejo tem que ser capturado, domado e perseguido de um ponto a outra da vida do eu-separado, até ao momento em que o aspirante possa fazer o que Hércules conseguiu: montar o touro.
Montar um animal significa controlar. O Touro não é sacrificado, ele é montado e dirigido, sob o domínio do homem.
Astrologia
Este trabalho está associado ao signo de Touro e a Escorpião. A consumação do trabalho é realizada em Touro, e o resultado da influência deste signo, é a glorificação da matéria e a subsequente iluminação por seu intermédio.
Tudo o que atualmente impede a glória, que é a alma, e o esplendor que emana de Deus dentro da forma, de brilhar em sua plenitude, é a matéria ou aspecto-forma. Quando esta tiver sido consagrada, purificada e espiritualizada, então a glória e a luz poderão realmente brilhar através dela.
Neste trabalho procura-se vencer o desejo, representado pelo dono da ilha, que tem por alimento a fraqueza daqueles que se perdem, na tentativa de capturar o Touro ou o corpo e que são comandados pelo ego.
Aqui o trabalho de resgate do submundo (Escorpião), representa as pessoas que no passado ficaram ligadas ao desejo e que não trabalharam a forma mas sim a sedução, que não materializaram e se apropriaram das vontades daqueles igualmente dominados pelo ego e pelo desejo. Ao trazer este desejo à consciência e dominá-lo é ter o poder de vencer os vícios e as forças negativas.
Tarot
Depois de uma lição dura e “falhada” como a anterior, o herói vira-se para dentro de si e vai em busca do seu poder. Para isso o herói terá de encontrar o touro desenfreado que habita no labirinto e levá-lo para um lugar sagrado onde habitam os ciclopes, gigantes de um olho só. A analogia é simples para encontrarmos a nossa percepção devemos trabalhar bem o nosso poder intuitivo, domá-lo e elevá-lo aos céus. Caso contrário, estaremos sempre a andar em círculos dentro de um labirinto infindável, de nós e das nossas ilusões.
O herói torna-se neste trabalho na Alta Sacerdotisa, pois para conseguir caçar o Touro de Creta ele segue a luz que brilha na testa do animal. A Alta Sacerdotisa é o lado intuito, a centelha divina que todos somos. Ela é a guardiã do nosso livro da vida, ela sabe de onde viemos, para onde vamos e regista tudo o que fazemos, quem a encontra terá acesso a tudo.
A Alta Sacerdotisa ensina ao herói que tudo na vida é duplo, que neste Plano Manifestado há divisão binária em todas as coisas, até em si próprio. Para alcançar o seu lado espiritual ele precisa de conhecer o seu lado animal.
Mas, o objetivo deste trabalho de Hércules é o encontro do Arcano A Lua, senhora e regente do lado noturno do Homem. A Lua é a energia da percepção no seu apogeu. Ela representa o herói que alcançou a terra dos Ciclopes e que apenas rege a sua vida através do olho da mente.
Não obstante, esta energia pode ser prejudicial ao herói. Quando a Lua não é dominada, ela própria nos faz andar em círculos, embrenha-nos num labirinto onde a sua luz nos faz ter uma visão muito pouco clara do caminho. A tarefa do herói neste arcano é dominar o seu lado animalesco e passar a prova, deixar de agir de forma impulsiva, advenha ela de um ego descontrolado ou de uma percepção mal domada.
Portanto, neste trabalho para alcançar a energia da Lua de forma correta, o herói tem de passar pelo Diabo primeiro, pois ele terá de compreender a natureza das coisas. O Diabo é o confronto conosco, com os nossos desejos, com as nossas ambições, com a utilidade que damos à nossa percepção. A alta Sacerdotisa coloca o herói frente à besta e numa luta interminável, o herói acaba por a conseguir montar.
Neste trabalho, porém, parece que Hércules conseguiu de forma muito simples montar o animal e a pergunta que nos será obrigatório colocar é «Estará esse animal bruto em nós algum dia dominado? Seremos nós que o montamos sempre ou haverá alturas em que ele nos monta a nós?
«Para alcançar a luz da Lua o herói precisa de ir conhecer a escuridão do Diabo. Para sair da escuridão, o herói precisa de aceder à luz, usando da sua criatividade.»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
3º Trabalho
“Os pomos de ouro de Hespérides”
O conhecimento de si próprio
Num longínquo país crescia a árvore sagrada, a árvore da sabedoria, que produzia as maçãs de ouro de Hespérides. Esse frutos eram desejados por todos os filhos dos homens que se reconheciam igualmente como filhos de Deus. Havia duas coisas que Hércules sabia sobre a árvore sagrada: que ela era carinhosamente cuidada por três belas donzelas e que um dragão de cem cabeças protegia as donzelas e a árvore.
Hércules pôs-se a caminho, cheio de confiança, seguro de si, de sua sabedoria e de sua força. Seguiu em direção ao norte e percorreu a terra à procura da árvore sagrada, mas não a encontrou. Perguntava a todos os homens que encontrava, mas nenhum pode guiá-lo no caminho; nenhum conhecia o lugar.
O tempo passava e ele ainda procurava, vagando de um lado para o outro, frequentemente retornando sobre os próprios passos. Triste e desencorajado, ainda assim procurava por toda a parte. Não encontrando a árvore sagrada no caminho do norte, Hércules partiu para o sul e, no lugar da escuridão, continuou na sua busca. Sonhou com um rápido sucesso, mas Anteu, a serpente, atravessou-lhe o caminho e lutou com ele, vencendo-o a cada investida. “Ela guarda a árvore”, disse Hércules, “isto me disseram, portanto a árvore deve estar por perto. Preciso derrubar sua guarda e assim, destruindo-a, vencê-la e arrancar os frutos.”
Contudo, lutando com todas as forças, ele não as vencia. “Onde está o meu erro?” dizia Hércules. “Por que Anteu pode vencer-me? Mesmo quando criança destruí uma serpente em meu berço. Com as minhas próprias mãos a estrangulei. Porque fracasso agora?”
Lutando novamente com todo o seu poder, ele agarrou a serpente em suas mãos e levantou-a no ar, longe do chão. E conseguiu realizar seu intento. Feliz, confiante, seguro de si e com nova coragem, Hércules continuou em sua busca. Agora se voltou para o ocidente, e tomando essa direcção, encontrou o fracasso. Atirou-se ao terceiro grande teste sem pensar e por muito tempo o fracasso atrasou seus passos.
Lá ele encontrou Busiris, o grande arqui-enganador, filho das águas e parente de Poseidon. Seu trabalho é trazer a ilusão aos filhos dos homens através de palavras de aparente sabedoria. Ele afirma conhecer a verdade e rapidamente eles acreditam. Ele diz belas palavras: “Eu sou o mestre. A mim é dado o conhecimento da verdade, aceita o meu modo de vida. Só eu sei, ninguém mais. Minha verdade é correta. Qualquer outra verdade é errónea e falsa. Fica comigo e salva-te.” E Hércules obedeceu: e a cada dia enfraquecia em seu anterior caminho, a sua vontade estava minada. Ele amava Busiris e aceitava tudo o que ele dizia, tornando-se cada vez mais fraco, até que chegou o dia que o seu amado mestre o amarrou a um altar e lá o manteve um ano inteiro.
Repentinamente, um dia, quando lutava por se libertar, e lentamente começava a perceber quem Busiris realmente era, palavras que ouvira há muito tempo vieram-lhe à mente: “A verdade está dentro de ti mesmo. . No teu interior há um poder mais elevado, força e sabedoria. Volta-te para o teu interior e evoca a força que existe, o poder que é a herança de todos os homens que são filhos de Deus.”
Com a força que é a força de todos os filhos de Deus, ele rompeu as amarras, agarrou o falso mestre e prendeu-o no altar em seu lugar.
Não disse uma palavras, apelas deixou-o lá para que aprendesse. Mais contido, embora cheio de indagações Hércules percorreu longas distâncias sem rumo certo, prosseguindo em sua busca.
Aprendera muito durante o ano que passara preso ao altar e agora percorria o Caminho com maior sabedoria. Por todos os caminhos a busca prosseguiu; de norte a sul e de leste a oeste foi procurada a árvore, mas não encontrada. Até que um dia, esgotado pelo medo e pela longa viagem, ele ouviu, de um peregrino que passava no caminho, rumores de que, perto de uma montanha distante a árvore seria encontrada, a primeira afirmação verdadeira que lhe fora feita até então.
Assim, ele retrocedeu sobre seus passos em direção às altas montanhas do leste, e num certo dia, brilhante e ensolarado, ele viu o objeto da sua busca e então apressou o passo. “Agora tocarei a árvore sagrada”, gritou alegre, “montarei o dragão que a guarda; e verei as belas renomadas virgens, e colherei as maçãs.”
Mas novamente foi detido por um sentimento de profunda tristeza. À sua frente estava Atlas, cambaleante sob o peso dos mundos às suas costas. Sua face estava vincada pelo sofrimento; seus membros vergados pela dor; seus olhos cerrados em agonia; ele não pedia auxílio; ele não viu Hércules; apenas lá estava, curvado pela dor, pelo peso dos mundos. Trémulo, Hércules observava e avaliava o quanto havia de peso e de dor. E esqueceu sua busca.
A árvore sagrada e as maçãs desapareceram de sua mente; ele só pensava em como ajudar o gigante rapidamente. Correu para ele e animadamente retirou a carga dos ombros de seu irmão, passou-a para suas próprias costas, aguentando ele mesmo a carga dos mundos. Cerrou os olhos, enrijecendo os músculos sob o esforço e então eis que a carga se desprendeu e lá estava ele livre, como Atlas.
Diante dele, as mãos estendidas num gesto de amor, o gigante ofereceu a Hércules as maçãs de ouro. Era o fim da busca. As virgens trouxeram mais maçãs de ouro e também as depositaram em suas mãos e Aegle, a bela virgem que é a glória do sol poente, disse-lhe: “O Caminho que traz a nós é sempre marcado pelo serviço. Atos de amor são sinalizações do Caminho.” Então Eritéia, a guardiã do portão que todos devem atravessar antes de se apresentarem diante do Criador, deu-lhe uma maçã na qual estava inscrita em luz a palavra de ouro SERVIÇO. “Lembra-te disto” disse ela “jamais te esqueças.” Por ultimo veio Héspero, a maravilha da estrela vespertina, que com clareza e amor disse: “Vai e serve, e a partir de hoje e para sempre, palmilha o caminho de todos os servidores do mundo.” “Então eu devolvo estas maçãs para aqueles que virão”, disse Hércules, e retomou ao lugar de onde viera. Então ele ouviu a voz de seu Mestre, que lhe falava pela primeira vez desde que iniciara o Caminho: “Não houve retardamento. A regra que acelera todo o sucesso na senda escolhida é Aprender a servir”.
Astrologia
Este trabalho, no signo de Gémeos, é relacionado com o trabalho ativo do aspirante no plano físico à proporção que ele chega a uma compreensão de si mesmo. Antes que este trabalho ativo se torne possível, deve haver um ciclo de pensamento interior e anseio místico; a aspiração à visão é um processo subjetivo desenvolvido, talvez por longo tempo, antes que o homem, no plano físico, comece o trabalho de unificação da alma e corpo. Este é o tema deste trabalho. É neste plano físico de realização, e no trabalho de obter as maçãs de ouro da sabedoria, que a prova real da sinceridade do aspirante tem lugar.
Um anseio de ser bom, um profundo desejo de averiguar os factos da vida espiritual, esforços para auto-disciplina, oração e meditação, precedem quase que inevitavelmente, este real e tenaz esforço. O visionário precisa tornar-se um homem de ação; o desejo tem que ser trazido para o mundo da concretização, e é nisto que consiste a prova de Gémeos. O plano físico é o lugar onde se obtém a experiência e onde as causas, que foram iniciadas no mundo do esforço mental, têm que se manifestar e alcançar objetividade. É também o lugar onde o mecanismo de contacto se desenvolve, onde, pouco a pouco, os cinco sentidos abrem ao ser humano, novos campos de percepção e lhe oferecem novas esferas de conquistas e realização. É o lugar, portanto, onde conhecimento é obtido, e onde esse conhecimento tem que ser transmutado em sabedoria.
Conhecimento é a busca do sentido, enquanto que sabedoria é o omnisciente e sintético conhecimento da alma. Contudo, sem compreensão na aplicação do conhecimento, nós perecemos; pois compreensão é a aplicação do conhecimento sob a luz da sabedoria aos problemas da vida e à conquista da meta.
Neste trabalho, Hércules defronta-se com a tremenda tarefa de aproximar os dois pólos do seu ser e de coordenar, ou unificar, alma e corpo, de modo que a dualidade dê lugar à unidade e os pares de oposto se mesclem. É através das virgens que o serviço altruísta é cumprido, pois foi este mesmo que o conduziu até elas, pois ela representavam o seu alinhamento na tridimensionalidade.
Agora como consciência-alma é responsável pela sua própria sabedoria.
Tarot
O herói encontra-se no caminho para encontrar a Imperatriz. O terceiro Arcano é a energia da abundância, da fertilidade, é a árvore com maçãs de ouro. Alcançar este grau de prosperidade é a tarefa de qualquer iniciado, que além de conseguir a abundância espiritual deve também, senão mesmo primeiro, esforçar-se pela abundância física.
Para realizar este trabalho, Hércules começa uma viagem em busca do objeto do seu desejo. A sua busca começou a correr de forma diferente daquela que previa, pois Hércules não estava a conseguir encontrar a árvore. A Roda da Vida estava em funcionamento e parece que o herói falha em conseguir aceitá-la e seguir com ela. Muitas vezes estamos obstinados nos nossos caminhos e falhamos em compreender as energias que nos são enviadas. A Roda da Vida é o Arcano que representa a chegada inesperada de uma oportunidade, uma situação que devemos aproveitar. Todavia essa oportunidade não dura muito, pois a Roda gira rápido, e quando falhamos em aceitá-la, continuamos a caminhar em vão, esperançosos que novamente ela gire e nos dê o que não agarrámos.
Mas a Roda gira eternamente e graças a Deus teremos novas oportunidades. O herói teve a sua primeira a Sul, onde lida com a Serpente. Sul é o ponto cardeal do Fogo e ao afastar a serpente da Terra, a única forma de conseguir o pretendido, o herói começa o seu trabalho árduo de separar o subtil do espesso, dando início ao seu trabalho alquímico. A alquimia é de facto uma das Artes mencionadas neste episódio mitológico. As Três Donzelas são os Três Princípios ativos do Mundo e o Dragão de Cem Cabeças o representante da luta interna que o alquimista tem de realizar para conseguir a pedra verde.
A Ocidente Hércules vai ao encontro da água e aí encontra os falsos mestres, aqueles que julgando ter alcançado um grande feito se consideram aptos a transmitir o conhecimento. Nesta parte do mundo Hércules deixa-se aprisionar pelas suas emoções, pelos seus desejos de conhecimento e, por isso, vai falhando na missão.
A Leste, ponto representante do Ar, encontra a prova final, a utilização da sua missão pessoal em prol de uma causa maior. Ao largar a sua missão para ajudar o próximo, o herói consegue encontrar a abundância que tanto desejava.
Neste trabalho o herói deseja tornar-se na Imperatriz e conseguir dar a abundância aos outros, todavia, para o conseguir ele tem de passar por provas para compreender a equilibrar a sua alma e a sua ambição. Falhando em compreender isso, a Roda da Vida vai girando e girando, o tempo passa e o herói começa a perder forças, até ao dia em que acorda e se liberta dos falsos mestres. Nesta altura, a Temperança é o Arcano que vai permitir ao herói encontrar o equilíbrio da sua alma e corpo, do seu desejo de individualidade e de unidade, dos seus desejos e dos desejos dos outros, é assim que ele percebe o que deveria ter sido desde o início a sua missão e o porquê de tantos atrasos. É nesta energia e apenas com ela que conseguirá a abundância de receber para dar.
A Temperança ou Arte, como prefiro chamá-la, é a energia da Alquimia. É através dela que compreendemos como equilibrar os opostos da lição anterior, é nela que vamos conseguindo misturar os ingredientes que fazem a nossa personalidade, é nela que aprendemos a transformarmo-nos em ouro, o metal mais puro da Terra. É nela que conseguimos compreender a prosperidade da Imperatriz. A Arte seguida de uma oportunidade da Roda da Vida é um caminho seguro.
O desejo de qualquer iniciado deverá ser o de receber para dar, se os seus desejos forem única e exclusivamente egoístas, a Imperatriz nunca funcionará, entrando em acção a Roda da Vida até aprendermos. Porém, quando os seus desejos se misturam com o altruísmo e compreendemos que todos somos o mesmo e tudo é de todos, a Arte entra em funcionamento e podemos seguir confiantes a Viagem sem preocupações, sem atrasos, sem percalços.
«Receber para Retribuir. Juntar para Dividir. Misturar para Separar. Só assim a Imperatriz reinará!»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
4º Trabalho
“A Captura da corsa”
O desenvolvimento da intuição
Mitologia
Hércules foi incumbido de capturar a corsa com galhada de ouro.
Olhando ao redor de si, viu que ao longe, erguia-se o Templo do Deus-Sol. No alto de uma colina próxima viu o esguio cervo, objeto de seu quarto trabalho.
Foi então que Ártemis, que tem a sua morada na lua, disse a Hércules, em tom de advertência: “A corça é minha, portanto não toque nela. Por longos anos eu a alimentei e cuidei dela. O cervo é meu e meu deve permanecer.”
Então, de um salto surgiu Diana, a caçadora dos céus, a filha do sol. Pés calçados de sandálias, em passos largos movendo-se em direção ao cervo, também ela reclamou a sua posse. “Não, Ártemis, belíssima donzela, não; o cervo é meu e meu deve permanecer”, disse ela, “Até hoje ele era jovem demais, mas agora ele pode ser útil. A corça de galhada de ouro é minha, e minha permanecerá.”
Hércules observava e ouvia a disputa e perguntava-se porque as donzelas lutavam pela posse da corça. Uma outra voz atingiu-lhe os ouvidos, uma voz de comando que dizia: “A corça não pertence a nenhuma das duas donzelas, oh Hércules, mas sim ao Deus cujo santuário podes ver sobre aquele monte distante. Salva-a, e leva-a para a segurança do santuário e deixa-a lá. Coisa simples de se fazer, oh filho do homem, contudo, e reflete bem sobre as minhas palavras; sendo tu um filho de Deus, deves ir à sua procura e agarrar a corça. Vai.”
De um salto Hércules lançou-se à caçada que o esperava. À distância, as donzelas em disputa tudo observavam. Ártemis, a bela, apoiada na lua e Diana, a bela caçadora dos bosques de Deus, seguiam os movimentos da corça e, quando surgia uma oportunidade, ambas iludiam Hércules, procurando anular os seus esforços. Ele perseguiu a corça de um ponto a outro e cada uma delas subtilmente o enganava. E assim o fizeram muitas e muitas vezes.
Durante um ano inteiro, o filho do homem que é um filho de Deus, seguiu a corça por toda a parte, captando rápidos vislumbre de sua forma, apenas para descobrir que ela desaparecer na segurança dos densos bosques.
Correndo de uma colina para outra, de bosque em bosque, Hércules a perseguiu até à margem de uma tranquila lagoa, estendida sobre a relva ainda não pisada, ele viu-a a dormir, exausta pela fuga. Com passos silenciosos, mão estendida e olhar firme, ele lançou uma flecha, ferindo-a no pé.
Reunindo toda a vontade que estava possuído, aproximou-se da corça, e ainda assim, ela não se moveu. Assim, ele foi até ela, tomou-a nos braços, e enlaçou-a junto ao seu coração, enquanto Ártemis e a bela Diana o observavam. “Terminou a busca”, bradou ele, “Para a escuridão do norte fui levado e não encontrei a corça. Lutei para abrir meu caminho através de cerradas, profundas matas, mas não encontrei a corça; e por lúgubres planícies e áridas regiões e selvagens desertos eu persegui a corça, e ainda assim não a encontrei. A cada ponto alcançado, as donzelas desviavam meus passos, porém eu persisti, e agora a corça é minha! A corça é minha!”
“Não, não é, oh Hércules”, disse a voz do Senhor, “A corça não pertence a um filho do homem, mesmo embora sendo um filho de Deus. Carrega a corça para aquele distante santuário onde habitam os filhos de Deus e deixa-a lá com eles.”
“Porque tem que ser assim, oh Senhor? A corça minha; minha, porque muito peregrinei à sua procura, e mais uma vez minha, porque a carrego junto ao coração.”
“E não és tu um filho de Deus, embora um filho do homem? E não é o santuário também a tua morda? E não compartilhas tu da vida de todos aqueles que lá habitam? Leva para o santuário de Deus a corça sagrada, e deixa-a lá, oh filho de Deus.”
Então, para o santuário sagrado de Micenas, levou Hércules a corça; carregou-a para o centro do lugar santo e lá a depositou. E ao deitá-la lá diante do Senhor, notou o ferimento em seu pé, a ferida causada pela flecha do arco que ele possuíra e usara. A corça era sua por direito de caça. A corça era sua por direito de habilidade e destreza do seu braço. “Portanto, a corça é duplamente minha”, disse ele.
Porém, Ártemis, que se encontrava no pátio externo do sagrado lugar ouviu seu brado de vitória e disse: “Não, não é. A corça é minha, e sempre foi minha. Eu vi a sua forma, refletida na água; eu ouvi seus passos pelos caminhos da terra; eu sei que a corça é minha, pois todas as formas são minhas.”
Do lugar sagrado, falou o Deus-Sol. “A corça é minha, não tua, oh Ártemis, não podes entrar aqui, mas sabes que eu digo a verdade. Diana, a bela caçadora do Senhor, pode entrar por um momento e contar-te o que vê.” A caçadora do Senhor entrou por um momento no santuário e viu a forma daquilo que fora a corça, jazendo diante do altar, parecendo morta. E com tristeza ela disse: “Mas se seu espírito permanece contigo, oh grande Apolo, nobre filho de Deus, então sabes que a corça está morta. A corça está morta pelo homem que é um filho do homem, embora seja um filho de Deus. Porque pode ele passar para dentro do santuário enquanto nós esperamos pela corça lá fora?”
“Porque ele carregou a corça em seus braços, junto ao coração, e a corça encontra repouso no lugar sagrado, e também o homem. Todos os homens são meus. A corça é igualmente minha; não vossa, nem do homem mas minha.”
Hércules diz então ao Mestre: “Cumpri a tarefa indicada. Foi simples, a ser pelo longo tempo gasto e o cansaço da busca. Não dei ouvidos àqueles que faziam exigências, nem vacilei no Caminho. A corça está no lugar sagrado, junto ao coração de Deus, da mesma forma que, na hora da necessidade, está também junto ao meu coração.”
“Vai olhar de novo, oh Hércules, meu filho”. E Hércules obedeceu. Ao longe se descortinavam os belos contornos da região e no horizonte distante erguia-se o templo do Senhor, o santuário do Deus-Sol. E numa colina próxima via-se uma esguia corça.
“Realizei a prova, oh Mestre? A corça está de volta sobre a colina, onde eu a vi anteriormente.”
E o mestre respondeu: “Muitas e muitas vezes precisam todos os filhos dos homens, que são os filhos de Deus, sair em busca da corça de cornos de ouro e carregá-la para o lugar sagrado; muitas e muitas vezes. O quarto trabalho está terminado, e devido à natureza da prova e devido à natureza da corça, a busca tem que ser frequente e não te esqueças disto: medita sobre a lição aprendida.”
Astrologia
Este trabalho está associado ao signo de Caranguejo .
Nos quatro primeiros signos o aspirante prepara o seu equipamento e aprende a utilizá-lo.
Em Carneiro ele apossa-se da sua mente e procura submetê-la, aprendendo o controlo mental.
Em Touro, “a mãe da iluminação”, ele recebe o primeiro lampejo daquela luz espiritual cujo brilho aumentará progressivamente à medida que ele se aproxima da sua meta.
Em Gémeos, ele não só se apercebe dos dois aspectos da sua natureza, como o aspecto imortal começa a crescer às custas do mortal.
Agora, em Caranguejo, ele tem o seu primeiro contato com aquele sentido mais universal que é o aspecto superior da consciência da massa. Equipado com uma mente controlada, com uma capacidade para registar a iluminação, habilidade para estabelecer contato com o seu aspecto imortal e reconhecer intuitivamente o reino do espírito, ele está pronto para o trabalho maior.
Vimos que a corça era sagrada para Ártemis, como o instinto animal; para Diana, como o intelecto e para Apolo, como a intuição.
Cada um deles via nela um aspecto, porém Hércules, o caçador, viu nela algo mais: a intuição espiritual, essa extensão da consciência, esse altamente desenvolvido sentido de viva percepção que dá aos discípulos a visão de novos campos de contato e lhe revela um novo mundo. Ele tem que aprender a usar o intelecto sob a influência de Diana, e por meio dele entrar em sintonia com o mundo das ideias e da pesquisa humana. Tem que aprender a levar essa capacidade que possui para o templo do Senhor e, vê-la transmutada em intuição e por meio da intuição tomar consciência das coisas do espírito e daquelas realidades espirituais que nem o instinto, nem o intelecto lhe podem revelar.
Com o tempo, o herói vence a corsa pelo cansaço, como os nativos de Caranguejo fazem com as pessoas, quando desejam realmente algo. No momento oportuno, sem ansiedade, e absolutamente seguro de todos os seus movimentos, e com a frieza ele captura a corsa. Ao colocá-la junto do coração, o herói dá-lhe o calor, a segurança e o Amor de Caranguejo, e quando olha para trás depois de a ter liberto no templo, vê-a feliz nas montanhas, e porta em si a compreensão de que aquele ser que ele verdadeiramente amava, está solto e livre, em paz e em segurança. Não precisava de a ter consigo por posse (Caranguejo), mas liberta e segura porque ela estava no seu coração.
Tarot
Quando Hércules tem de realizar a 4.ª tarefa já se encontra num estado avançado de integração dos seus vários corpos, vários sentidos, vários elementos. Ele já é capaz de ouvir as vozes dos Mestres que o guiam, já não se deixa enganar por outras vozes, respeita as suas tarefas como elas merecem. É já um homem maduro.
Esta é a aprendizagem que o Imperador oferece, um autodomínio, um autocontrolo que nos permite ser capaz de lidar com qualquer situação. Agora sim o herói está pronto para receber a sua energia pura e não deturpada.
Como qualquer iniciado, o desejo de algo é o que nos move. O herói aqui sente o desejo pela corça, símbolo sagrado entre as comunidades antigas, e ainda por cima esta corça tem as hastes em ouro, mais uma vez o metal puro.
O Arcano que nos oferece esta lição é Os Amantes. Diana e Ártemis são ambas a mesma personalidade, uma romana outra grega, e ambas se encontram a disputar a corça com o herói, seguindo o olhar atento do Deus-Sol, imagem muito bem representada no tarot de Toth para este Arcano.
Os Amantes é a energia do Amor, do desejo, da primeira escolha que o herói tem de fazer. Nesta etapa a escolha é simples, quereremos o nosso Amor e o nosso Amado só para nós, encerrando-o numa prisão de desejos e manipulações, ou seremos capazes de o partilhar com quem quer que o deseje. Seremos nós egoístas ao ponto de o matar para o capturar ou conseguiremos libertá-lo mesmo antes disso?
A esta energia muitas vezes é associado o Diabo. Enquanto os Amantes nos mostra a escolha de um caminho para o Amor livre, o Diabo mostra-nos a escolha de um caminho aprisionado. Quando o escolhemos vivemos as emoções mais densas, achamos que quem gostamos é um objeto que nos pertence, assim como o herói quando de apaixonou pela corça, e a desejava possuir apenas para si.
A lição a aprender é a partilha do Amor, seja ele qual for, deve ser partilhado e o receptor do nosso Amor deve ser livre de fazer as suas próprias escolhas. O Amor como a corça deverá ser levado para o lugar sagrado, onde a flecha do cupido não o matará com paixões e desejos egoístas, mas o libertara para avançar na espiral da espiritualidade.
«Se o herói não compreender a natureza livre do Amor, será Governado pelo Diabo.»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
5º Trabalho
“A morte do Leão de Neméia”
Aprender a utilizar o poder e a coragem
Mitologia
Hércules, descansando de seus trabalhos, desconhecia a próxima prova. Sentia-se forte e passava os dias perseguindo a corça sagrada até ao templo do Senhor. Chegou um momento em que a tímida corça conheceu bem o caçador que a perseguia, e mansamente submeteu-se ao seu comando. Assim, muitas e muitas vezes, ele carregava-a junto ao coração e dirigia-se ao templo do Senhor.
Assim descansava nosso herói. Foi então que lhe indicaram o Quinto Trabalho e para executá-lo, Hércules, armou-se até aos dentes, enquanto os deuses observavam-lhe os passos e as mãos firmes e o olhar decidido. Porém, no fundo do seu coração havia dúvidas, “Que estou fazendo aqui?” disse ele. “Qual é a prova, e porque razão estou assim armado?”
“Soou um chamado, oh Hércules, um chamado de profunda angústia. Teus ouvidos externos não responderam a esse chamado, e contudo, o ouvido interno conhece bem a necessidade, pois ouviu uma voz, sim, muitas vezes, falando-te da necessidade e incitando-te a ousar mais. O povo de Neméia procura a tua ajuda. Eles estão sofrendo muito. As noticias das tuas proezas espalharam-se. Eles procuram-te para que mates o leão que devasta a sua terra e vitima os seus homens.”
“É dele este som selvagem que eu escuto? É o rugido de um leão atravessando o ar que estou a ouvir?”, perguntou Hércules.
E o mestre respondeu-lhe: “Vai, procura o leão que devasta as terras que estendem além. O povo desta terra vive silenciosamente a portas fechas, não ousam sair para as suas tarefas; não cultivam a terra, não semeiam. De norte a sul, de leste a oeste ronda o leão, e nessa ronda furtiva apodera-se de todos os que cruzam o seu caminho. O seu temível rugido é ouvido durante a noite e todos tremem por detrás das portas trancadas. Que farás tu, Hércules?”
E Hércules, o ouvido atento, respondeu à necessidade. Sobre o caminho ele depositou as suas armas, retendo para seu uso o ramo que cortara com as suas próprias mãos de uma tenra e verdejante árvore. Ele acreditava que o belo conjunto de armas o tornavam pesado e retardariam os seus passos. Não precisaria de nada mais a não ser o seu forte ramo; e com ele o seu coração destemido, caminharia à procura do leão. Mandou avisar o povo de Neméia que estava a caminho e disse que expulsassem o medo dos seus corações. Hércules andou procurando muito o leão. Encontrou os habitantes de Neméia escondidos atrás de portas fechadas, a não ser por alguns poucos que se aventuravam a sair movidos pela necessidade ou pelo desespero. A princípio aclamavam Hércules com júbilo, depois com dúvida ao verem que ele estava desarmado. Diziam-lhe que fosse buscar as suas armas porque o leão era muito perigoso e forte, porém ele não lhes respondia e continuava seguindo o rasto e o rugido do leão. Perguntava aqui e ali, onde estava o leão e alguém lhe disse que o havia visto perto da sua toca e Hércules dirigiu-se para lá, com medo, mas destemidamente; sozinho, contudo não solitário, pois havia outros que acompanhavam seus passos, esperançosos.
Repentinamente ele viu o leão que ao ver Hércules como um inimigo que não demonstrava medo, rugiu violentamente fazendo tremer as árvores. Hércules correu ao encontro do leão gritando loucamente. O animal parou estupefato diante de uma proeza que ele jamais vira, pois Hércules continuava avançando. De repente o leão deu meia volta e correu, à frente de Hércules e desapareceu misteriosamente. Hércules vasculhou todo o Caminho cuidadosamente até que descobriu uma caverna de onde partiu um trovejante rugido. Ele penetrou na caverna escura e saiu do outro lado, para a luz do dia, sem encontrar o leão. Ali parado ouviu o leão às suas costas, não à sua frente.
“Que farei?”
Enquanto pensava, olhava ao redor buscando uma solução e ouvia o rugido do leão. Então viu algumas pilhas de toros e gravetos em profusão. Puxou-os e arrastou-os com toda a sua força, bloqueou ambas as saídas, encerrando-se a si próprio e ao leão dentro da caverna. Com as suas mãos nuas agarrou o leão, prendendo-o ao seu próprio corpo, apertando-lhe o pescoço. O hálito do leão queimava-lhe o rosto, mas sem afrouxar as suas mãos, mantinha-o preso. Os rugidos tornaram-se cada vez mais débeis; seu corpo amolecia e escorregava. E, assim, sem armas, com as suas próprias mãos e a sua própria força, ele matou o leão, tirou-lhe a pele e mostrou-a ao povo do lado de fora da caverna.
Em triunfo, Hércules retornou ao seu Mestre, depositou a pele do leão aos seus pés e teve permissão para usá-la em substituição à velha e gasta pele que usava.
Astrologia
Este trabalho associa-se ao signo de Leão e Aquário. O Quinto Trabalho, o quinto signo. Este é o trabalho mais conhecido de Hércules e se distingue por ser o número cinco que contém em si mesmo um profundo significado. Do ponto de vista do ocultismo, o número cinco representa o homem, porque o homem é um divino filho de Deus, mais o quaternário que consiste na sua natureza quádrupla inferior: o corpo mental, o corpo emocional, o corpo vital e o corpo físico.
O Leão é a fera que existe dentro do homem, e que se representa pela cobiça, ego, inveja, arrogância, vaidade, ódio e todos os tipos de sentimentos de baixa vibração. Por causa desta fera, todas as pessoas vivem fechadas dentro de si mesmas e não confiam em ninguém, porque na verdade vivem encerradas com medo de si próprias, não as deixando em paz nem durante a noite.
Em Carneiro, a alma tomou para si o tipo de matéria que lhe permitiria entrar em relação com o mundo das ideias. Revestiu-se de um invólucro mental. O homem tornou-se uma alma pensante.
Em Touro, fez o contacto com o mundo do desejo e seguiu-se um processo idêntico. Fez contacto com o mundo do sentimento e da emoção e o homem tornou-se uma alma que sente.
Em Gémeos, foi construído um novo corpo de energia vital através da reunião das energias da alma e da matéria e o homem tornou-se uma alma vivente.
Em Caranguejo, que é o signo do nascimento física e da identificação da unidade com a massa, o trabalho da encarnação foi completado e a natureza quádrupla manifestada.
Mas é em Leão que o homem se torna a “estrela de cinco pontas”, pois essa estrela é o símbolo da individualização, da sua humanidade, do ser humano que sabe que é um individuo e toma consciência de si mesmo com o “EU”. Aqui a relação entre o Quinto Mandamento com o Quinto Trabalho e o quinto signo torna-se clara: "Honra teu pai e tua mãe para que teus dias se tornem longos na terra que o Senhor, teu Deus, te deu", pois em Leão, Pai-Espirito e a Mãe-Matéria se unem no individuo e dessa união resulta aquela entidade consciente que é a alma.
Leão é também o signo no qual o homem auto-consciente começa o seu treino para a iniciação. Quando o trabalho deste signo termina, começa o treino específico da iniciação, em Capricórnio.
O Leão de Neméia representa essencialmente a personalidade coordenada, dominante. Aqui, o aspirante, o leão de Judah, tem que matar o leão da sua personalidade. Tendo emergido da massa, e desenvolvido a individualidade (Aquário), ele então tem que matar aquilo que ele criou; ele tem que tornar inútil aquilo que fora o grande agente protetor até o tempo atual. O egoísmo, o instinto de autoproteção, tem que dar lugar ao altruísmo que é literalmente a subordinação do ego ao todo.
Sufocando o ego (o Leão) com as próprias mãos, Hércules sai em silêncio da caverna libertando (Aquário) o povo.
O arrancar da pele do leão, algo inútil, e torná-lo útil entregando-o a Deus e posteriormente, utilizando-a para se cobrir, mostra a inteligência de Aquário, transformando o mal em bem e mostrando ao Leão que o ego não é mesmo para ser sublimado.
Tarot
O Imperador torna-se nesta tarefa no Hierofante. Enquanto Imperador ele exerce o seu poder sobre o exterior, ele conseguiu seduzir a corça, ela obedece-lhe e está seguro do seu poder. Naqueles momentos mais nada importa senão ele e a corça, os Amantes aprendidos!
Porém, as suas tarefas começaram a valer-lhe alguma popularidade e quando o povo de Neméia o chama para ajudar, já não é o Imperador, cheio de armas que vai ter com eles, mas sim O Hierofante, o Papa, munido apenas com um pau, um bastão, símbolo do seu poder e da sua auto-confiança. Qualquer iniciado passara por uma prova similar, vencer o seu orgulho e dominar o seu ego.
Quando o povo o vê, seguindo o rasto do Leão apenas com um pau na mão, começa a desconfiar das suas capacidades e mesmo se aparentemente o herói não se deixa abater pela falta de confiança demonstrada, no fim acaba por ter necessidade de guardar a pele do leão para a usar como símbolo da sua vitória. Esta é a luta que o herói tem enfrentar no Hierofante, vencer a necessidade de receber do exterior adoração. O Hierofante é o Papa, o grau do professor em qualquer arte ou ofício. Para se ser professor precisam-se de alunos, para ensinar é preciso público e o que estaremos prontos para fazer em prol desse público.
Para que o Hierofante seja uma energia produtiva e nos leve no Caminho certo para sermos o verdadeiro Louco, precisamos de passar pela Força.
A Força é a imagem de uma mulher que agarra um leão, abrindo-lhe a boca mas não o magoando. O leão é o animal não dominado, a fera que existe dentro de nós em forma de sentimentos menos produtivos. Muitas vezes o herói falhou nesta tarefa, o animal não é para ser morto, mas sim para ser dominado. O melhor exemplo que vos podemos oferecer de um Leão domado é a história de São Jerónimo que ao ajudar o Leão o tornou seu amigo, de tal forma que quando S. Jerónimo morreu o leão faleceu com ele.
Os sentimentos como ciúme, raiva, inveja, orgulho, e por aí fora, não são para ser eliminados, erradicados de nós pois isso é impossível. Se ao invés de os continuarmos a ignorar os trouxermos à luz do nosso coração e mente, eles transformar-se-ão rapidamente na sua versão mais elevada. Ignorar ou lutar contra alguma coisa é também uma forma de lhe dar força. Mas o herói ainda precisa de continuar a trabalhar essa parte, pois no fim cede ao orgulho e à necessidade de demonstrar as suas conquistas representado pelo novo fato que ganha com a pele do Leão derrotado.
«O Hierofante exige uma personalidade domada. Se o herói continuar a matar os seus adversários, a Força nunca será domada.»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
6º Trabalho
“A Tomada do cinturão de Hipólita”
A preparação do discípulo, a primeira iniciação
Mitologia
Este trabalho leva Hércules até às praias onde vivia a grande rainha, que reinava sobre todas as mulheres do mundo conhecido. Elas eram suas vassalas e guerreiras ousadas. Nesse reino não havia homens, só as mulheres reunidas em torno da sua rainha, Hipólita.
A ela pertencia o cinturão que lhe fora dado por Vénus, a rainha do Amor. Aquele cinturão era um símbolo da unidade conquistada através da luta, do conflito, da aspiração, da maternidade e da sagrada Criança para quem toda a vida humana está verdadeiramente voltada.
“Ouvi dizer”, disse Hipólita às guerreiras, “que está a caminho um guerreiro cujo nome é Hércules, um filho do homem e no entanto um filho de Deus; a ele eu devo entregar este cinturão que eu uso. Deverei obedecer a ordem, oh Amazonas, ou deveremos combater a palavra de Deus?” Enquanto as Amazonas refletiam sobre o problema, foi passada uma informação, dizendo que ele se havia adiantado e estava lá, esperando para tomar o sagrado cinturão da rainha guerreira.
Hipólita dirigiu-se ao encontro de Hércules. Ele lutou com ela, combateu-a, e não ouviu as palavras sensatas que ela procurava dizer. Arrancou-lhe o cinturão, somente para deparar-se com as mãos dela estendidas e lhe oferecendo a dádiva, oferecendo o símbolo da unidade e amor, de sacrifício e fé.
Entretanto, tomando-o, ele, matou quem lhe dera o que ele exigira. E enquanto estava ao lado da rainha agonizante, consternado pelo que fizera, ele ouviu a voz do mestre que dizia: “Meu filho, por que matar aquilo que é necessário, próximo e caro? Por que matar a quem você ama, a doadora das boas dádivas, guardiã do que é possível? Por que matar a mãe da Criança sagrada?
Novamente registamos um fracasso (recorde-se na morte de Abderis no Primeiro Trabalho). Novamente você não compreendeu. Ou redimirá este momento, ou não mais verá a minha face.”
Hércules partiu em silêncio deixando as mulheres lamentando a perda da liderança e do amor. Quando ele chegou às costas do grande mar, perto da praia rochosa, ele viu um monstro das profundezas trazendo presa em suas mandíbulas a pobre Hesione. Os seus gritos e suspiros elevavam-se aos céus e feriram os ouvidos de Hércules, perdido em remorsos e sem saber que caminho seguir. Dirigiu-se prontamente em sua ajuda quando ela desapareceu nas cavernosas entranhas da serpente marinha.
Esquecendo-se de si mesmo, Hércules nadou até o monstro e desceu até o fundo do seu estômago onde encontrou Hesione. Com a sua mão esquerda ele agarrou-a e segurou-a junto a si, enquanto com a sua espada se esforçou para abrir caminho para fora do ventre da serpente até a luz do dia. E assim ele salvou-a, equilibrando seu feito anterior de morte.
Pois assim é a vida: um ato de morte, um ato de vida, e assim os filhos dos homens, que são filhos de Deus, aprendem a sabedoria, o equilíbrio e o caminho para andar com Deus.
Astrologia
Este trabalho está associado à Virgem, signo onde a consciência de Cristo é concebida.
Note-se que nos dois Trabalhos onde Hércules vence, na verdade, são os dois onde ele se saiu mal justamente com os seus opostos, femininos (as éguas bravias e a rainha das Amazonas).
Assim a guerra entre os sexos é de origem antiga, na verdade, está inerente na dualidade da humanidade.
O Leão é o rei dos animais. Nele alcançamos a personalidade integrada; mas em Virgem é dado o primeiro passo para a espiritualidade, a alma é chamada de filho da mente, e Virgem é regida por Mercúrio, que leva a energia da mente.
É em virgem que, o mau uso da matéria representa o maior erro de toda a peregrinação de Hércules: atentar contra o Espírito Santo; quando ele não compreendeu que a rainha das Amazonas devia ser redimida pela unidade, e não morta, e foi aí que ele sentiu a dor, diante do sofrimento humano provocado pela violência e pela agressividade, criada muitas vezes pela falta de diálogo ou até mesmo de compreensão.
O cinto é o símbolo da união e do amor, e ele mata quem lho quisera entregar por amor a Deus. Aqui o herói é abatido pela depressão e pena que sente de si mesmo.
Ao salvar Hesione da boca do monstro, Hércules compreende que tudo o que se faz, se reflete no universo eternamente, e que para que o ser pare de sofrer, deve compreender que a dor é uma forma de redenção e aprendizagem que nos conduz ao crescimento. Que a aceitação da imperfeição do mundo é um caminho para atingir a perfeição.
Enquanto nos martirizamos com a culpa do mal feito, não assumimos a responsabilidade dos erros, mas quando aceitamos esta responsabilidade, transformamos esta dor em atitude, fazemos o bem e libertamo-nos das amarras do sofrimento. É neste momento e com esta tomada de consciência que passamos do trabalho ao serviço à humanidade.
Tarot
O Hierofante encontra-se agora com a energia dos Amantes integrada, mas depois de ter passado e, embora não explícito, chumbado na prova anterior, o herói precisa outra vez de reviver a energia deste Arcano para compreender que há sempre hipóteses, que as escolhas envolvem sempre várias possibilidades. É preciso alargar os horizontes da nossa alma para termos acesso aos estados seguintes.
Quando o iniciado compreende o que é o Amor, opta por começar a fazer as suas escolhas seguindo o coração, mas muitas vezes se esquece que o equilíbrio reside na utilização das duas forças de escolha, o mental e o emocional. Os Amantes trazem consigo essa energia, a dualidade da vida e a escolha de realizar um caminho equilibrado. Aqui Hércules não opta inicialmente por uma escolha correta, ele mata Hipólita e falha em ver que esta estava pronta a abdicar do seu cinturão de livre vontade.
Ao tomar tal decisão o herói abra a porta para a energia do Arcano XIII a Morte. A Morte é a carta das transformações, das metamorfoses, das mudanças. Falando em compreender que é preciso usar sensatamente o seu poder de destruição, a Morte surge como um castigo e Hércules tem de mergulhar dentro da escuridão das entranhas da serpente marinha para salvar a mulher que lá se encontra. Na Morte a transformação do herói será completa, ele terá de reconhecer a existência de um lado emocional em si e usá-lo na tomada das suas decisões.
A simbologia por trás deste episódio é simples, o herói precisa de integrar em si as duas forças existentes em si, o seu lado masculino e o seu lado feminino. Se na missão anterior ele tinha conseguido provar que era forte e dominador, agora ele deveria ter provado que era sensato e compreensivo. Felizmente que os seus mestres lhe dão sempre uma segunda oportunidade e o herói pode sempre remediar o que errou. Porém, o herói não poderá nunca negar esse seu lado mais predominante, apenas deverá balançá-lo com o seu oposto.
«Nos Amantes aprendemos a integrar os opostos, mas se as nossas escolhas continuam a ser baseadas na segurança das nossas capacidades, a Morte ataca-nos com força! O iniciado deve compreender que o coração e a mente, o masculino e o feminino, andam sempre de mão dada!»
“A Tomada do cinturão de Hipólita”
A preparação do discípulo, a primeira iniciação
Mitologia
Este trabalho leva Hércules até às praias onde vivia a grande rainha, que reinava sobre todas as mulheres do mundo conhecido. Elas eram suas vassalas e guerreiras ousadas. Nesse reino não havia homens, só as mulheres reunidas em torno da sua rainha, Hipólita.
A ela pertencia o cinturão que lhe fora dado por Vénus, a rainha do Amor. Aquele cinturão era um símbolo da unidade conquistada através da luta, do conflito, da aspiração, da maternidade e da sagrada Criança para quem toda a vida humana está verdadeiramente voltada.
“Ouvi dizer”, disse Hipólita às guerreiras, “que está a caminho um guerreiro cujo nome é Hércules, um filho do homem e no entanto um filho de Deus; a ele eu devo entregar este cinturão que eu uso. Deverei obedecer a ordem, oh Amazonas, ou deveremos combater a palavra de Deus?” Enquanto as Amazonas refletiam sobre o problema, foi passada uma informação, dizendo que ele se havia adiantado e estava lá, esperando para tomar o sagrado cinturão da rainha guerreira.
Hipólita dirigiu-se ao encontro de Hércules. Ele lutou com ela, combateu-a, e não ouviu as palavras sensatas que ela procurava dizer. Arrancou-lhe o cinturão, somente para deparar-se com as mãos dela estendidas e lhe oferecendo a dádiva, oferecendo o símbolo da unidade e amor, de sacrifício e fé.
Entretanto, tomando-o, ele, matou quem lhe dera o que ele exigira. E enquanto estava ao lado da rainha agonizante, consternado pelo que fizera, ele ouviu a voz do mestre que dizia: “Meu filho, por que matar aquilo que é necessário, próximo e caro? Por que matar a quem você ama, a doadora das boas dádivas, guardiã do que é possível? Por que matar a mãe da Criança sagrada?
Novamente registamos um fracasso (recorde-se na morte de Abderis no Primeiro Trabalho). Novamente você não compreendeu. Ou redimirá este momento, ou não mais verá a minha face.”
Hércules partiu em silêncio deixando as mulheres lamentando a perda da liderança e do amor. Quando ele chegou às costas do grande mar, perto da praia rochosa, ele viu um monstro das profundezas trazendo presa em suas mandíbulas a pobre Hesione. Os seus gritos e suspiros elevavam-se aos céus e feriram os ouvidos de Hércules, perdido em remorsos e sem saber que caminho seguir. Dirigiu-se prontamente em sua ajuda quando ela desapareceu nas cavernosas entranhas da serpente marinha.
Esquecendo-se de si mesmo, Hércules nadou até o monstro e desceu até o fundo do seu estômago onde encontrou Hesione. Com a sua mão esquerda ele agarrou-a e segurou-a junto a si, enquanto com a sua espada se esforçou para abrir caminho para fora do ventre da serpente até a luz do dia. E assim ele salvou-a, equilibrando seu feito anterior de morte.
Pois assim é a vida: um ato de morte, um ato de vida, e assim os filhos dos homens, que são filhos de Deus, aprendem a sabedoria, o equilíbrio e o caminho para andar com Deus.
Astrologia
Este trabalho está associado à Virgem, signo onde a consciência de Cristo é concebida.
Note-se que nos dois Trabalhos onde Hércules vence, na verdade, são os dois onde ele se saiu mal justamente com os seus opostos, femininos (as éguas bravias e a rainha das Amazonas).
Assim a guerra entre os sexos é de origem antiga, na verdade, está inerente na dualidade da humanidade.
O Leão é o rei dos animais. Nele alcançamos a personalidade integrada; mas em Virgem é dado o primeiro passo para a espiritualidade, a alma é chamada de filho da mente, e Virgem é regida por Mercúrio, que leva a energia da mente.
É em virgem que, o mau uso da matéria representa o maior erro de toda a peregrinação de Hércules: atentar contra o Espírito Santo; quando ele não compreendeu que a rainha das Amazonas devia ser redimida pela unidade, e não morta, e foi aí que ele sentiu a dor, diante do sofrimento humano provocado pela violência e pela agressividade, criada muitas vezes pela falta de diálogo ou até mesmo de compreensão.
O cinto é o símbolo da união e do amor, e ele mata quem lho quisera entregar por amor a Deus. Aqui o herói é abatido pela depressão e pena que sente de si mesmo.
Ao salvar Hesione da boca do monstro, Hércules compreende que tudo o que se faz, se reflete no universo eternamente, e que para que o ser pare de sofrer, deve compreender que a dor é uma forma de redenção e aprendizagem que nos conduz ao crescimento. Que a aceitação da imperfeição do mundo é um caminho para atingir a perfeição.
Enquanto nos martirizamos com a culpa do mal feito, não assumimos a responsabilidade dos erros, mas quando aceitamos esta responsabilidade, transformamos esta dor em atitude, fazemos o bem e libertamo-nos das amarras do sofrimento. É neste momento e com esta tomada de consciência que passamos do trabalho ao serviço à humanidade.
Tarot
O Hierofante encontra-se agora com a energia dos Amantes integrada, mas depois de ter passado e, embora não explícito, chumbado na prova anterior, o herói precisa outra vez de reviver a energia deste Arcano para compreender que há sempre hipóteses, que as escolhas envolvem sempre várias possibilidades. É preciso alargar os horizontes da nossa alma para termos acesso aos estados seguintes.
Quando o iniciado compreende o que é o Amor, opta por começar a fazer as suas escolhas seguindo o coração, mas muitas vezes se esquece que o equilíbrio reside na utilização das duas forças de escolha, o mental e o emocional. Os Amantes trazem consigo essa energia, a dualidade da vida e a escolha de realizar um caminho equilibrado. Aqui Hércules não opta inicialmente por uma escolha correta, ele mata Hipólita e falha em ver que esta estava pronta a abdicar do seu cinturão de livre vontade.
Ao tomar tal decisão o herói abra a porta para a energia do Arcano XIII a Morte. A Morte é a carta das transformações, das metamorfoses, das mudanças. Falando em compreender que é preciso usar sensatamente o seu poder de destruição, a Morte surge como um castigo e Hércules tem de mergulhar dentro da escuridão das entranhas da serpente marinha para salvar a mulher que lá se encontra. Na Morte a transformação do herói será completa, ele terá de reconhecer a existência de um lado emocional em si e usá-lo na tomada das suas decisões.
A simbologia por trás deste episódio é simples, o herói precisa de integrar em si as duas forças existentes em si, o seu lado masculino e o seu lado feminino. Se na missão anterior ele tinha conseguido provar que era forte e dominador, agora ele deveria ter provado que era sensato e compreensivo. Felizmente que os seus mestres lhe dão sempre uma segunda oportunidade e o herói pode sempre remediar o que errou. Porém, o herói não poderá nunca negar esse seu lado mais predominante, apenas deverá balançá-lo com o seu oposto.
«Nos Amantes aprendemos a integrar os opostos, mas se as nossas escolhas continuam a ser baseadas na segurança das nossas capacidades, a Morte ataca-nos com força! O iniciado deve compreender que o coração e a mente, o masculino e o feminino, andam sempre de mão dada!»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
7º Trabalho
“A captura do javali de erimanto”
A aquisição e integração do equilíbrio dos opostos. A segunda iniciação
Mitologia
Neste sétimo trabalho, Hércules é incumbido de capturar o Javali de Erimanto, sem contudo saber que este trabalho era na verdade uma dupla prova: a prova da amizade rara e da coragem destemida. Foi-lhe recomendado que procurasse pelo javali e Apolo que lhe deu um arco novo para usar, porém Hércules disse que não o levaria consigo, porque temia matar. Ele disse: “Eu não o levarei comigo neste trabalho, pois temo matar. No meu último trabalho nas praias do grande mar, eu matei. Desta vez não farei isso. Deixo aqui o arco.”
E assim desarmado, a não ser por sua clava, ele escalou a montanha, procurando pelo javali e encontrando um espetáculo de medo e terror por toda a parte. Mais e mais ele subia e em determinada altura encontrou um amigo, Pholos, que fazia parte de um grupo de centauros, conhecidos dos deuses. Eles pararam e conversaram e por algum tempo Hércules esqueceu-se do objetivo da sua busca. E Pholos convidou Hércules para furar um barril de vinho, que não era dele mas do grupo de centauros e que viera dos deuses, juntamente com a ordem de que eles jamais deveriam furar o barril, a não ser quando todos os centauros estivessem presentes, já que ele pertencia ao grupo. Mas Hércules e Pholos abriram-no na ausência dos seus irmãos, convidando Cherion, um outro sábio centauro, para se juntar a eles. Assim ele fez, e os três beberam e festejaram e se embebedaram-se e fizeram muito ruído que foi ouvido pelos outros centauros.
Enraivecidos eles vieram e seguiu-se uma feroz batalha e uma vez mais Hércules fez-se mensageiro da morte e matou os seus amigos, a dupla de centauros com quem ele antes tinha bebido.
E, enquanto os demais centauros com altos lamentos choravam as suas perdas, Hércules escapou novamente para as altas montanhas e reiniciou a sua busca pelo javali. Até aos limites das neves ele avançou, seguindo a pista do animal, mas não o encontrava. Depois de muito pensar, Hércules colocou uma armadilha habilidosamente oculta e esperou nas sombras pela chegada do javali.
Quando a aurora surgiu, o javali saiu da sua toca levado por uma fome atroz e caiu na armadilha de Hércules que, no tempo devido, libertou a fera selvagem, tornando-a prisioneira da sua habilidade. Ele lutou com o javali e domesticou-o, e fê-lo fazer o que lhe determinava e seguir para onde Hércules desejava. Do pico nevado da alta montanha Hércules desceu, regozijando-se no caminho, levando adiante de si, montanha abaixo, o feroz, contudo domesticado javali. Pelas duas pernas traseiras ele conduziu o javali, e todos na montanha se riam ao ver o espetáculo. E todos os que encontrava Hércules, cantando e dançando pelo caminho, também riam ao ver a sua caminhada. E todos na cidade riram ao ver o espetáculo: o exausto javali e o homem cantando e rindo.
Quando reencontrou seu Mestre, este lhe disse: “O Sétimo Trabalho foi completado. Medita sobre as lições do passado, reflete sobre as provas. Por duas vezes mataste a quem amavas. Aprende porquê.” E Hércules permaneceu onde estava, preparando-se para o que mais tarde iria ocorrer: a prova suprema.
Astrologia
Este sétimo trabalho está associado ao signo da Balança, onde a aprendizagem consiste na capacidade de manter o equilíbrio perante as adversidades ,sendo capaz de manter as necessidades básicas atendidas.
A Balança é o primeiro signo que não tem um símbolo humano ou animal, mas sustentando a balança, está a figura da Justiça – uma mulher com os olhos vendados. Ele apresenta-se com muitos paradoxos e extremos, dependendo de se o discípulo que se voltou conscientemente para o caminho de volta ao Criador segue o zodíaco segundo os ponteiros do relógio, ou no caminho inverso. Diz-se que é um interlúdio, comparável com a silenciosa escuta na meditação; um tempo de cobranças do passado.
Neste ponto percebemos como o equilíbrio dos pares de opostos deve ser atingido. A balança pode oscilar do preconceito até à injustiça ou julgamento; da dura estupidez à sabedoria entusiástica. Neste majestoso signo de equilíbrio e justiça nós verificamos que a prova termina numa explosão de riso, o único trabalho em que isso acontece.
Hércules conviveu, riu e cantou com os amigos, sendo que a socializar é uma característica da Balança, e em vez de seguir a recomendação, de abrir o barril para o grupo, abriu-o para celebrar com um único centauro, procurando aqui um espelho, uma identificação com o outro. E embora estivesse determinado a não matar, o seu impulso, primeiro, de Carneiro foi mais forte. No entanto, Hércules conseguiu também entregar o javali ainda com vida e já domesticado, demonstrando que era possível domesticar o animal, devido à sua dedicação e delicadeza no trato, atributo natural da Balança.
Tarot
O Herói chegou ao fim de um ciclo de provações e precisa agora de demonstrar que consegue aplicar tudo o que aprendeu. Não basta ficar com a lição aprendida na nossa mente e no nosso coração, é preciso demonstrá-lo, como? Concretizando aquilo em que acreditamos. Esta é a energia do Carro.
Hércules teve problemas em fazer escolhas corretas, optava sempre por matar e não domar as suas vítimas. Todavia, nesta tarefa, mesmo se ainda não é o ideal, o herói demonstra na prática as suas conquistas. Consegue já domar os animais que tem de enfrentar, como o condutor do Carro que se vê frente a dois cavalos que puxam em direções opostas, mas que com a sua habilidade os leva onde pretende.
Demonstra Amor a quem encontra mas quando em perigo decide usar as suas capacidades, pois poderia ter escolhido não matar os Centauros, mas afinal encontrava-se numa batalha e nela apenas ainda sabe usar a sua Força.
Ao demonstrar que aprendeu as lições anteriores, o herói deixa de ser o Mago e passa ao Louco, realiza uma nova iniciação. O louco não se preocupa mais com o que o exterior pensa de si, o Louco apenas É o que É e age dessa forma.
«Com os opostos equilibrados o Carro avança! O domínio dos opostos leva o herói em frente!»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
8º Trabalho
“A destruição da Hidra de Lerna”
O Controle e superação dos desejos. A sua maior prova.
Mitologia
Conta a lenda que na antiga terra de Argos ocorreu uma seca. Amímona que reinava nessas terras, procurou a ajuda de Netuno. Este recomendou que se batesse numa rocha, e quando isto foi feito, começaram a correr três correntes cristalinas; mas logo uma hidra fez ali a sua morada.
O mestre disse a Hércules: “Para além do Rio Amímona, fica o fétido pântano de Lerna, onde está a hidra, uma praga para as redondezas. Nove cabeças tem esta criatura, e uma delas é imortal. Prepara-te para lutar com essa asquerosa fera e não penses que os meios comuns serão de valia; se uma cabeça for destruída, duas aparecerão em seu lugar.”
Hércules estava ansioso e antes de partir, seu Mestre ainda lhe disse: “Uma palavra de aconselhamentos só, posso dar. Nós nos elevamos, nos ajoelhando; conquistamos, nos rendendo; ganhamos, dando. Vai, oh filho de Deus e filho do homem, e conquista.”
Chegando ao estagnado pântano de Lerna, que era um charco que desanimava quem dele se aproximasse e cujo mau cheiro poluía toda a atmosfera em um raio de sete milhas; Hércules teve que fazer uma pausa pois o simples odor por pouco o derrotava. As areias movediças eram uma ameaça e mais uma vez Hércules rapidamente retirou seu pé para não ser sugado para dentro da terra que cedia. Finalmente ele descobriu onde se ocultava a hidra.
Numa caverna de noite perpétua vivia a fera, porém não se mostrava e Hércules inutilmente vigiava. Recorrendo a um estratagema, ele embebeu suas setas em piche ardente e as despejou diretamente para o interior da caverna onde habitava a horrenda fera. Uma enorme agitação se seguiu e a hidra com as suas nove e zangadas cabeças emergiu, chicoteando a água e a lama furiosamente. Com três braças de altura, algo tão feio como se tivesse sido feito de todos os piores pensamentos concebidos desde o começo dos tempos. A hidra atacou, procurando envolver os pés de Hércules que saltou e lhe deu um golpe tão severo que logo decepou uma das cabeças, mas mal a horrorosa cabeça tocou o solo, duas cresceram em seu lugar. Repetidamente Hércules atacou o monstro, mas ele ficava cada vez mais forte. Então Hércules lembrou-se das palavras do Mestre: “nós nos levantamos ajoelhando”.
Pondo de lado a sua clava, Hércules se ajoelhou, agarrou a hidra com suas mãos nuas e ergueu-a. Suspensa no ar, a sua força diminuiu. De joelhos, então, ela sustentou a hidra no alto, acima dele, para que o ar purificado e a luz pudessem surtir o seu efeito. O monstro, forte na escuridão e no lodo, logo perdeu a sua força quando os raios do sol e o toque do vento o atingiram. As nove cabeças caíram, mas somente quando elas jaziam sem vida Hércules percebeu a cabeça mística que era imortal. Ele decepou essa cabeça e a enterrou, ainda sibilante, sob uma rocha.
Astrologia
Este trabalho está associado ao signo de escorpião. O verdadeiro teste de Escorpião nunca tem lugar antes que o estudante fique coordenado, antes que a mente, a natureza emocional e a natureza física estejam funcionando como uma unidade. Então o homem entra em Escorpião onde o seu equilíbrio é subvertido e o desejo parece exagerado, quando ele pensava que se havia livrado dele.
Aqui ele descobre que a personalidade não deve ser morta, nem pisoteada; ele deve ser reconhecida como um triplo canal de expressão para três aspectos divinos. Tudo depende de se nós usamos a tríplice personalidade para fins egoístas. Resumindo: em Escorpião o Ego está determinado a matar o pequenino ego para ensinar-lhe o significado da ressurreição. Em Escorpião também, o homem é testado para ver quem vai triunfar, a forma ou o Cristo, o Eu Superior ou o eu inferior, o real ou o irreal, a verdade ou a ilusão.
Foi dito a Hércules que encontrasse a hidra de nove cabeças que vivia num fétido e húmido pântano. Este monstro tem a sua contraparte que habita nas cavernas da mente, na escuridão e lama dos recessos obscuros da mente, onde ele floresce. Profundamente alojada nas regiões subterrâneas do subconsciente, ora calma, ora explodindo em tumultuado frenesim, a fera estabelece morada permanente. Não é fácil descobrir a sua existência e lutar contra um inimigo tão formidável é de facto uma tarefa heroica para o homem. Uma cabeça decepada, e eis que outra cresce no seu lugar. Toda a vez que um desejo, ou pensamento baixo é eliminado, outro toma o seu lugar.
Hércules fez três coisas: ele reconheceu a existência da hidra, procurou pacientemente por ela, e finalmente destruiu-a.
É necessário ter discriminação para reconhecer a sua existência; paciência para descobrir a sua toca; humildade para trazer lodosos fragmentos do subconsciente à superfície, e expô-los à lua da sabedoria.
Enquanto ele lutou no pântano, no meio da lama e das areias movediças, ele foi incapaz de dominar a hidra. Ele teve de erguer o monstro no ar; isto é, deslocar seu problema para outra dimensão para poder resolvê-lo. Com toda a humildade, ajoelhando-se na lama, ele teve de examinar seu dilema à luz da sabedoria e na elevada atmosfera do pensamento que buscava. É dito que uma das cabeças é imortal o que implica que toda a dificuldade, por mais terrível que possa parecer, contem um jóia de grande valor.
Nenhuma tentativa para dominar a natureza inferior e descobrir aquela jóia, jamais será fútil.
A cabeça imortal, separada do corpo da hidra, é sepultada sob uma rocha, isto implica que a energia concentrada que cria um problema ainda permanece, purificada, redirecionada e aumentada após a vitória ter sido conquistada. Tal poder deve ser corretamente canalizado e controlado. Sob a rocha da vontade persistente, a cabeça imortal torna-se uma fonte de poder.
A tarefa tinha nove facetas e cada cabeça da hidra representa um dos problemas que assaltam a pessoa corajosa que busca conquistar o domínio de si mesmo. Três dessas cabeças simbolizam os apetites associados ao sexo, o conforto e o dinheiro. Os próximos três dizem respeito às paixões do medo, do ódio e do desejo de poder. As últimas três cabeças representam os vícios da mente humana não iluminada: orgulho, separabilidade, e crueldade.
As dimensões da tarefa que Hércules empreendeu são assim claramente aparentes. Ele teve que aprender a arte de transmutar as energias que tão frequentemente precipitam os seres humanos em tragédias. As nove forças que, desde o princípio dos tempos, trouxeram destruição entre os homens, tiveram de ser redirecionadas e transmutadas. Ainda aspiramos à conquista espiritual que Hércules alcançou.
Os problemas que surgem do mau uso da energia conhecida como sexual ocupam nossa atenção a cada instante. O amor ao conforto, à luxúria e às posses externas ainda cresce. A luta pelo dinheiro como um fim em vez de um meio reduz as vidas de incontáveis homens e mulheres.
Assim a tarefa de destruir as primeiras três cabeças continua a desafiar as forças da humanidade, milhares de anos depois Hércules haver realizado o seu extraordinário feito. As três qualidades do carácter que Hércules tinha de expressar eram a humildade, a coragem e a discriminação. Humildade para ver o seu compromisso objetivamente e reconhecer as suas falhas; coragem para atacar o monstro que jazia enroscado nas raízes da sua natureza; discriminação para descobrir uma técnica para enfrentar o seu inimigo mortal.
Tarot
Com os cavalos do Carro dominados, o herói avança para a Justiça. Com esta energia ele terá de provar que as suas decisões são tomadas em consciência, usando o mental tão bem como o emocional. E assim o faz, nesta tarefa Hércules demonstra que o seu lado racional está ativado e que prevalece em relação aos seus instintos naturais, ele não é mais um animal instintivo mas sim um animal racional, que sabe usar sensatamente cada um.
A Justiça tem pouco a ver com o que a palavra justiça representa para nós atualmente. A Justiça deveria ser chamada de Equilíbrio para evitar que julguemos tratar-se aqui de um momento em que as contas se vão acertar. A Justiça representa um momento de avaliação, sim, mas um momento de avaliação em que cada um terá de provar que alcançou o equilíbrio interior dos opostos para poder avançar. Por isso, ela é representada com uma balança, é o momento em que pesamos quais dos dois lados estamos mais a utilizar e refletir sobre o assunto para evitar excessos. A Balança deve estar equilibrada, nem mais emoção, nem mais racional, e como conseguimos isso? Ajustando cada dia. Em cada ação compreender como temos tendência para agir e modificar. Foi o que Hércules fez, pois a sua primeira atitude foi agir como sempre, até que parou, ponderou e ajustou.
Nesta tarefa esconde-se uma aprendizagem importante, não mais que as outras, mas bastante importante. O Herói encontra-se perante um estado avançado de iniciação e, como tal, tem na sua frente uma prova a esse nível. No Tarot podemos equipara esta prova com a passagem do Arcano XVIII, a Lua, para o XIX, o Sol, que é complicada por ser brusca. Passar de um estado de inconsciência, onde utilizamos os nossos dons de forma instintiva e não racionalizada, para outro onde sabemos e escolhemos o que fazemos e quando o fazemos, não é fácil e muitos iniciados falham em superar esta prova.
Quando mergulhamos nas nossas águas interiores, muitas vezes ficamos lá prisioneiros pois o lodo pode ser muito e a consciência para lidar com ele pouca. Era o que estava acontecer com o nosso herói, mas tal como acontece conosco, há sempre uma voz que nos avisa e aconselha. Essa voz aconselhou-o a elevar e assim é sempre. Quando conseguimos elevar os nossos lados negros à Luz tudo se resolve. Quando conseguimos trazer a Luz do Sol ao lodo interior que habita em nós, o lodo seca e torna-se num campo fértil pronto para ser cuidado. O lodo é criado por ações repetidas, nesta ou noutras vidas, o lodo é mantido por falta de reflexão. As emoções muitas vezes se escondem nesse lodo, o racional pode ajudar a clarificar e transmutar essas emoções.
Não queremos com isto dizer que o lodo é negativo, lembrem-se é no equilíbrio que reside a Sabedoria. O Ying e o Yang devem ser perfeitos em nós!
«Na Justiça o herói precisa de revelar humildade para ouvir conselhos, coragem para agir perante tanta escuridão e discriminação para escolher o que deve permanecer o que deve transmutar. As escolhas feitas no equilíbrio darão a chave para avançar da Lua ao Sol!»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
9º Trabalho
A morte dos Pássaros de Estínfalo
Acabar com as tendências do uso do pensamento destrutivo
Mitologia
Era tempo de mudar o seu caminho. Desta vez Hércules teria que procurar no pântano de Estínfalo, lugar de habitação dos pássaros destruidores e descobrir a forma de os espantar desta sua morada.
O mestre disse-lhe “A chama que brilha além da mente revela a direção certa”. Após longa procura, conseguiu encontrar o fétido pantanal e os barulhentos ameaçadores pássaros.
Cada pássaro tinha um bico de ferro, afiado como uma espada. As penas pareciam dardos de aço que ao caírem poderiam cortar ao meio a cabeça de quem por ali passasse. As suas garras eram igualmente ferozes.
Ao verem-no três pássaros se lhe dirigiram ao que ele ripostou com a sua clava, fazendo cair no chão duas penas.
Parado à beira do pântano pensava em como livrar-se dos terríveis pássaros. Pensou em setas, em armadilhas no pântano e lembrou-se então do conselho que recebera “A chama que brilha além da mente revela a direção certa” e refletindo longamente lembrou-se de dois pratos de bronze que possuía e que emitiam um som estridente, não terreno; um som áspero e penetrante capaz de acordar os mortos. Até para si próprio o som se torna intolerável.
Aguardando pela noite, em que os pássaros estariam todos pousados, tocou os pratos aguda e repetidamente. Assustados e perturbados por ruído tão monstruoso, os pássaros levantaram voo guinchando e, fugindo para nunca mais voltar.
Astrologia
Este nono trabalho está associado a Sagitário. O ruído dos pássaros é associado ao excesso de comunicação e expressão que os pássaros utilizam para devastar a região. Em Sagitário, o arqueiro, bem como em Escorpião, Hércules assumiu e completou o trabalho iniciado em Carneiro. Em Carneiro, ele lidava com o pensamento, enquanto em Sagitário, ele já demonstra completo controlo do pensamento e da palavra. No momento em que nos libertamos da ilusão, entramos em Sagitário e vemos o objetivo. Nós nunca o víramos antes, porque o-entre-nós-e-o-objetivo, encontram-se sempre os pensamentos-forma que nos impedem de vê-lo, ou seja, não conseguimos ver as nossas metas.
Sagitário é o signo preparatório para Capricórnio, e por vezes chamado de “o signo do silêncio”, porque esta é a lição de Sagitário: restrição da fala através do controlo do pensamento porque depois de abandonar o uso das formas comuns da fala, tais como falar da vida alheia, então será preciso aprender a silenciar sobre a vida da alma. O reto uso do pensamento, o calar-se e a consequente inofensividade do plano físico, resultam na libertação; pois nós somos conservados na unidade humana não por alguma força externa que nos mantenha ali, mas pelo que nós mesmos temos dito e feito. No momento em que não mantivermos mais relações erradas com as pessoas pelas coisas que dissermos quando deveríamos ter ficado calados, no momento em que paramos de pensar sobre as pessoas, coisas que não deveríamos pensar, pouco a pouco aqueles laços que nos prendem à existência planetária são rompidos, ficamos livres e escalamos a Montanha como o bode em Capricórnio. Em Sagitário, o primeiro dos grandes signos universais, vemos a verdade como o todo quando usamos as flechas do pensamento correto. Todas as várias verdades formam uma verdade; é disso que nos damos conta em Sagitário.
Tarot
Nesta tarefa é o Eremita que entra em ação. Mais uma vez o herói vai ajudar alguém, mas desta vez não é o Hierofante que sai à rua mas sim o Eremita. m novo caminho começa a ser a trilhado e o herói já não precisa de ter seguidores, ele sabe agora que a única presença que precisa é a sua voz interior. O Eremita é um Arcano muito interessante, ele é o ser triunfante das lutas no lodo, ele é o lado introspectivo do Louco.
A sua Sabedoria é evidente, ele sabe quando esperar e quando atuar. Sabe a Força que tem e acima de tudo já se conhece a si próprio. Note-se que o lodo foi substituído por pântanos, as águas começam a ser domadas. O Eremita nesta tarefa vai encontrar o Juízo Final para o ajudar a concretizar a sua missão. O Juízo Final é uma energia de despertar, é um som anunciador de novidades, é a voz de um Anjo que chama por nós. É a derradeira prova, a morte acontece para que depois das outras provas se possa renascer na liberdade total do Ser.
O herói ouve o chamado e já não tem medo, reconhece que a sua vida é uma missão constante e que em cada virar da esquina há aprendizagens a fazer. Ele é o condutor do seu carro, mas também ele é guiado por uma voz superior.
«O Eremita vive sozinho, mas nunca em solidão. Ele ouve as vozes do Mundo e sabe onde é o seu lugar»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
10º Trabalho
“A morte de Cérbero”
A elevação da personalidade – terceira iniciação
Mitologia
O Mestre disse a Hércules: “Enfrentaste com êxito mil perigos. Hércules, e muitas conquistas foram feitas. A sabedoria e a força pertencem-te. Farás uso delas para salvar alguém em angústia, uma presa de imenso e infindável sofrimento?” e tocando gentilmente a fronte de Hércules, diante de seu olho interno, surgiu uma visão. Um homem jazia sobre uma rocha e gemia como se seu coração fosse partir-se. Suas mãos e pés estavam acorrentados; as fortes correntes que o prendiam estavam ligadas a anéis de ferro. Um abutre, feroz e audacioso, mantinha-se bicando o fígado da vítima; em consequência, uma corrente de sangue jorrava do seu flanco. O homem elevava suas mãos acorrentadas e clamava por socorro; mas suas palavras ecoavam em vão na desolação e eram engolidas pelo vento. A visão desapareceu e o Mestre falou: “Aquele que viste acorrentado chama-se Prometeu. Ele sofre assim há muito tempo, e contudo, sendo imortal não pode morrer. Do céu ele roubou o fogo; por isso foi punido. O lugar de sua morada é conhecido por Inferno, o reino de Hades. Pede-se que seja o salvador de Prometeu, Hércules. Desce às profundezas e liberta-o do sofrimento.”
Hércules iniciou a sua viagem descendo sempre através das ligações dos mundos da forma. A atmosfera tornava-se cada vez mais pesada, e a escuridão crescia. Contudo, a sua vontade era firme. Essa descida longa demorou muito tempo e sozinho, mas não absolutamente só, ele vagueava, e quando ele procurou no seu íntimo ouviu a voz prateada da deusa da Sabedoria, Athena, e as palavras encorajadas de Hermes. Por fim, dele chegou a um rio escuro e envenenado que as almas dos mortos tinham que cruzar. Uma moeda tinha de ser dada a Caronte, o barqueiro, para que ele as levasse para o outro lado.
O visitante da terra assustou Caronte que levou Hércules ao outro lado, sem lembra-se de cobrar-lhe, Hércules penetrou o Hades, uma nevoenta e escura região onde as sombras, ou melhor, as conchas dos que haviam partido esvoaçavam. Quando Hércules percebeu a Medusa, com o seu cabelo encaracolado com serpentes sibilantes, ele tomou a espada e tentou atingi-la, mas não bateu senão no ar vazio. Ele seguiu por caminhos labirínticos até chegar à corte do rei que governava o mundo subterrâneo, Hades. Este, inflexível, severo e com semblante ameaçador, sentava-se em seu negro trono quando Hércules se aproximou. “Que procuras, um mortal vivo, em meus reinos?” Interpelou-o Hades.
Hércules disse, “Procuro libertar Prometeu”.
“O caminho está guardado pelo cão Cérbero, um cão com três grandes cabeças, cada uma com serpentes enroladas em torno”, replicou Hades. “Se puderes derrotá-lo com tuas mãos vazias, um feito que ninguém jamais realizou, poderá libertar o sofredor Prometeu”.
Satisfeito com a resposta, Hércules prosseguiu até deparar-se com o cão de três cabeças e ouviu o seu feroz latido. Ameaçador, avançou para Hércules que agarrou a primeira cabeça e a manteve presa em seus braços enquanto o monstro se debatia. Finalmente a sua força cedeu e Hércules seguiu até encontrar Prometeu numa laje de pedra, em dores atrozes. Hércules partiu as correntes e libertou o sofredor.
Astrologia
Este trabalho está associado ao signo de Capricórnio, que é um dos mais difíceis para se escrever e é o mais misterioso de todos os doze. Há dois portões de importância dominante: o que erroneamente chamamos a vida, e o portão para o reino espiritual. Capricórnio, o portão através do qual nós finalmente passamos quando não mais nos identificamos com o lado forma da existência, mas nos tornamos identificados com o espírito. É isto que significa ser iniciado.
Um iniciado é uma pessoa que não põe mais a sua consciência na sua mente, ou desejos, ou corpo físico. Ele pode usá-los, se quiser; e fá-lo para ajudar toda a humanidade, mas não é neles que focaliza a sua consciência. Ele está focalizado no que chamamos a alma, que é aquele aspecto de nós mesmos que está livre da forma. É na consciência da alma que finalmente funcionamos em Capricórnio, conhecendo-nos como iniciados e entramos no grande signo universal de serviço à humanidade.
É em Capricórnio, o adulto que existe em nós que Hércules desce às profundezas do inferno, munido da compaixão, para conseguir resgatar Prometeu.
O caminho da alma é exatamente o mesmo, é com profundo amor que necessitamos de descer às profundezas dos nossos infernos interiores, amá-los e resgatar em nós a nossa sombra, para podermos depois, escalar a montanha, que caracteriza Capricórnio, com o mesmo determinismo e firmeza com que descemos ao inferno.
Após cumprir a sua tarefa, o herói regressa ao reino dos vivos e ali reencontra a sua alma e é-lhe mostrado que aquele foi o seu primeiro serviço em prol de um mundo melhor.
Enquanto nos pássaros de Estínfalo, Hércules ainda tinha mergulhado nos pântanos do inferno pessoal, é em Cérbero que o mergulho se dá no inferno coletivo.
Este crescimento na capacidade de prestar serviço é a realização da alma. Não se pode aprender por ‘ouvir dizer’, mas sim através da realização e vivendo as circunstâncias.
Tarot
Depois de ter compreendido a lição do Eremita, o herói avança para a Roda da Fortuna. Este Arcano encerra em si a aprendizagem de conseguirmos estar em sintonia com o Universo e aproveitar os momentos para elevação.
Nesta tarefa Hércules consegue no seu próprio ritmo avançar cada etapa da descida ao Inferno e consegue compreender o momento e o tempo que deve despender em cada uma delas.
É uma tarefa aparentemente fácil pois muito já foi trilhado. Com as aprendizagens anteriores alcançadas, o herói agora dedica o seu tempo a ajudar efetivamente os outros. A Roda gira muitas vezes e em cada volta o iniciado deve estar atento para poder compreender os momentos que lhe são dados. Quando assim não acontece temos de esperar por uma nova oportunidade, que virá, mas nós nunca sabemos quando.
O herói ao conseguir estar permanentemente atento, em sintonia com o seu interior e com o exterior, vê antecipadamente as oportunidades que lhe são postas à frente e assim torna-se na Energia viva do Universo.
O arcano XXI - O Mundo é a energia da abertura dos portais, é a tomada de consciência final do iniciado, é a sua elevação total. Quando conseguimos estar neste estado podemos avançar para a entrega total de ajudar os outros, pois já nos conhecemos e dominamos, só assim se revelam as verdadeiras missões.
«A Roda gira vezes sem conta. Se o herói está atento, a Porta abra-se e o Mundo é revelado!»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
11º Trabalho
“A limpeza dos estábulos de Augias”
O serviço de limpeza e purificação, com uso da água, preparando o encerramento do ciclo
Mitologia
O Mestre chamou Hércules e disse: “Onze vezes a roda girou e agora estás diante de outro Trabalho. Por muito tempo perseguiste a luz que tremeluzia, primeiro de maneira incerta, depois aumentando até tornar-se um firme farol, e agora brilha para ti como um sol brilhante. Agora volta tuas costas para o brilho, inverte os teus passos; volta para aqueles para quem a luz é apenas um ponto de transição e ajuda-os a fazê-la crescer. Dirige teus passos para Augias, cujo reino deve ser limpo do antigo mal.”
E Hércules saiu à procura de Augias, o rei. Quando ele se aproximou do reino onde Augias governava, um terrível mau cheiro fê-lo quase desmaiar. Durante anos, ele ficou sabendo, o Rei Augias jamais fizera limpar o excremento que o seu gado deixava nos estábulos reais. Então os pastos estavam tão adubados que nenhuma colheita crescia. Em consequência, a pestilência varria o país, devastando vidas humanas.
Hércules dirigiu-se para o palácio e procurou pelo próprio Augias.
Informado de que Hércules vinha limpar os fétidos estábulos, Augias confessou a sua dúvida e descrença dizendo: “Dizeis que farás esta imensa tarefa sem recompensa? Não confio naqueles que anunciam tais bazófias. Hás-de ter algum plano astucioso que arquitetaste, oh Hércules, para me roubar o trono. Jamais ouvi de homens que procuram servir ao mundo sem recompensa. Nunca ouvi. A esta altura, contudo, eu de bom grado acolheria qualquer tolo que procurasse ajudar. Mas deve ser feito um trato, para que não zombem de mim como sendo um rei bobo. Se tu, em um único dia, fizeres o que prometeste, um décimo de todo o meu rebanho será teu; mas se fracassares, tua vida e teus bens estarão em minhas mãos. Não penso que possas cumprir tuas bazófias, mas podes tentar”
Hércules então deixou o rei. Ele vagou pela pestilenta área, e viu uma carroça passar empilhada com cadáveres, as vítimas da pestilência. Dois rios, ele observou, o Alfeu e o Peneu, fluíam mansamente pela vizinhança. Sentado à beira de um deles, a resposta a este problema veio-lhe à mente como um relâmpago. Com determinação e força ele trabalhou. Com enorme esforço ele conseguiu desviar ambas as correntes dos cursos seguidos por séculos. Ele fez com que o Alfeu e o Peneu derivassem as suas águas através dos estábulos e aceleradas limparam a imundície por tanto tempo acumulada. O reino foi limpo de toda a sua fétida treva. Num único dia foi cumprida a tarefa impossível.
Quando Hércules, bastante satisfeito com o resultado, voltou a Augias, este último franziu a testa e disse: “Conseguiste êxito com um truque”, berrou de raiva o Rei Augias. “Os rios fizeram o trabalho, não tu. Foi uma manobra para me tirar meu gado, uma conspiração contra o meu trono. Não terás uma recompensa. Vais, sai daqui ou mandarei decapitar a tua cabeça!”
O enraivecido rei assim baniu Hércules, e proibiu-o de voltar ao seu reino, sob pena de morte imediata.
Hércules cumpriu a tarefa que lhe fora dada e voltou ao Mestre, que disse: “Tu tornaste-te um servidor mundial. Avançaste ao recuares; vieste à Casa da Luz por um outro caminho, gastaste a tua luz para que a luz dos outros pudesse brilhar. A jóia que o décimo primeiro Trabalho dá é tua para sempre”. Hércules sendo o iniciado, deveria fazer três coisas, que podem ser resumidas como as características principais de todos os verdadeiros iniciados. Se não estiverem presentes em alguma medida, o homem não é um iniciado. A primeira é o serviço impessoal, que não é o serviço que prestamos porque nos dizem que o serviço é um caminho de libertação, mas o serviço prestado porque a nossa já não é mais centrada em nós mesmos. Não estamos mais interessados em nós mesmos e sim na nossa consciência, que sendo universal nada há a fazer, senão assimilar os problemas dos nossos semelhantes e ajudá-los. Para o verdadeiro iniciado, isso não representa esforço. A segunda é o trabalho grupal que é permanecer sozinho espiritualmente na manipulação dos assuntos pessoais, esquecendo completamente de si mesmo no bem-estar do particular segmento da humanidade ao qual está associado. A terceira é o auto-sacrifício que significa tornar o ego sagrado. Isto lida com o ego do grupo e o ego do individuo; esse é o trabalho do iniciado.
Astrologia
Em Augias, o trabalho é feito pelo eixo Aquário, em que com a sua lâmpada acesa através do serviço altruísta e alinhamento com os níveis superiores de consciência que Hércules deve levar a luz aos outros, pois é a partir do momento em que a luz se acende na consciência que o Homem deixa de ter possibilidade de voltar às trevas do mundo.
É aqui que Hércules deixa de prestar atenção a si mesmo (Aquário), indo ao encontro dos que ainda não acenderam a sua própria luz.
Quando Hércules se dirige ao reino de Augias, simbolizado pelo Leão e a propriedade, o domínio, o poder e a arrogância demonstrado pelo Rei, sente o cheiro, acumulado de tempos imemoriais, desse mesmo preconceito. Sem se sentir intimidado por estar a prestar um serviço à humanidade apesar do desprezo do rei e o seu descrédito naqueles que prestam serviço desinteressado, Hércules levou a cabo a sua tarefa e acaba por se retirar em silêncio após as palavras de medo de perda de poder do próprio rei.
Mas Hércules já sabe que as únicas contas a prestar são a Deus. E que usando a sua intuição e a sua própria luz trazendo luz àqueles que não a viam, são um presente de Aquário para as forças retrógradas e provisórias que representa este rei no seu reino.
Tarot
A elevação está concluída, agora o herói dedica o seu tempo a ajudar os outros, mesmo quando deles não recebe o agradecimento necessário. A sua Força foi alcançada definitivamente. Nas outras tarefas em que o herói enfrentou a Força, nem sempre havia conseguido dominar os seus impulsos e aprender a lição, mas agora Hércules comanda o seu Leão interior e, por isso mesmo, não precisa da aprovação exterior, nem se sente injustiçado, avança, cumpre a sua tarefa e basta-lhe ter sido útil.
O Arcano XI foi alcançado, a sua energia está integrada e agora o herói pode avançar e tornar-se na Estrela. A Estrela muitas vezes pode simplesmente estar lá para nós, ajudando e direcionado o nosso Carro, mas numa elevação como a que o herói alcançou, a Estrela é ele mesmo.
Quando Hércules compreendeu que usando a água dos dois rios conseguiria realizar a tarefa com facilidade ele ascendeu a este Arquétipo, pois a Estrela, com um pé no chão e outro na água, consegue manter a fonte de Luz a jorrar constantemente sobre os lugares onde houver obscuridade. Enquanto que a Temperança ainda realiza apenas uma energia de transmutação interior e pessoal, é o Alquimista no Laboratório pessoal, a Estrela é o Alquimista Universal por excelência. Ela dá Luz e transmuta o podre em fértil.
«A Força aplicada à transmutação, liberta o herói para a entrega plena. A Estrela brilha de dentro para fora, numa liberdade total.»
Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
12.º Trabalho
“A captura do gado vermelho de Gerião”
A transcendência da animalidade, a salvação
Mitologia
O Mestre chamou Hércules e disse-lhe: “Tu agora estás diante do último Trabalho. É o que falta para que o ciclo seja completo, e liberação conquistada. Vai até aquele lugar sombrio chamado Eritéia, onde a Grande Ilusão está entronizada; onde Gerião, o monstro de três cabeças, três corpos e seis mãos, é rei e senhor. À margem da lei ele mantém um rebanho de gado vermelho escuro. De Eritéia deves trazer até a nossa Sagrada Cidade, este rebanho. Cuido com Euritião, o pastor, e seu cão de duas cabeças Ortus.” E depois de uma pausa continuou: “Mais um aviso posso dar. Invoca a ajuda de Hélio.”
Hércules partiu e no templo, fez oferendas a Hélio, o deus do fogo e do sol. Por sete dias Hércules meditou, e depois mereceu dele um favor. Um cálice dourado caiu no chão aos seus pés. Ele sentiu no seu íntimo que esse objeto brilhante o capacitaria a cruzar os mares para alcançar o país de Eritéia. E assim foi. Sob a segura proteção do cálice dourado, ele velejou pelos mares agitados até chegar a Eritéia.
Numa praia naquele país distante, Hércules desembarcou. Não muito longe dali ele chegou a um pasto onde o gado vermelho escuro pastava. Era guardado pelo pastor Euritião e o cão de duas cabeças, Ortus.
Quando Hércules se aproximou, o cão lançou-se como uma flecha para ele, rosnando ferozmente, tentando alcançá-lo. Com um golpe decisivo Hércules derrubou o monstro. Então, Euritião amedrontado pelo bravo guerreiro que estava diante dele, suplicou que a sua vida fosse poupada. Hércules concedeu-lhe o pedido. Conduzindo o gado vermelho-sangue adiante dele, Hércules voltou a sua face para a Cidade Sagrada. Ainda não estava muito longe daquelas pastagens quando percebeu que o monstro Gerião vinha em louca perseguição. Logo Gerião e Hércules estavam face-a-face. Exalando fogo e chamas de todas as três cabeças simultaneamente, o monstro avançou sobre ele. Esticando bem o seu arco, Hércules lançou uma flecha que parecia queimar o ar e que atingiu o monstro no seu flanco. Tamanho foi o ímpeto com que fora lançada, que todos os três corpos de Gerião foram perfurados. Com um guincho desesperado, o monstro oscilou, depois caiu, para nunca mais se levantar.
Hércules conduziu, então o lustroso gado para a Cidade Sagrada. Difícil foi a tarefa. Volta e meia alguns bois se desgarravam e Hércules deixava o rebanho para procurar aquelas cabeças que se perdiam. Através dos Alpes ele conduziu o seu rebanho até Halia. Onde quer que o mal tivesse triunfado, ele golpeava as forças do mal com golpes mortais, e corrigia a balança em favor da justiça. Quando Eryx, o lutador, o desafiou, Hércules o derrubou tão vigorosamente que ele permaneceu caído.
Novamente quando o gigante Alcioneu lançou sobre Hércules, uma rocha que pesava uma tonelada, este último a deteve com a sua clava e a mandou de volta, matando o seu agressor.
Às vezes ele perdia o seu rumo, mas sempre se voltava, refazia os seus passos, e prosseguia. Embora exausto por este cansativo trabalho, Hércules por fim voltou. Quando chegou, o Mestre que o esperava, disse-lhe: “A jóia da imortalidade pertence-te. Por estes doze Trabalhos tu superaste o humano e te revestiste do divino. De volta ao lar viestes, para não mais partires. No firmamento estrelado o teu nome será inscrito, um símbolo para os batalhadores filhos dos homens, de seu imortal destino. Os trabalhos humanos estão encerrados, tua tarefa Cósmica começa”.
Astrologia
Em Peixes, Hércules termina um grande ciclo de realizações que marcam a sua libertação das formas terrestres e da maioria dos apegos que prendem os homens à roda de reencarnações.
É aqui que o homem crítico e rígido do passado aprende a ter fé.
Hércules tem que conduzir o rebanho de gado vermelho-sangue (representa a quinta raça) para fora das terras da ilusão até à Cidade Sagrada. Para desempenhar a sua tarefa, é advertido de que deverá invocar Hélio – Deus do sol, senhor da luz e da consciência, que só se consegue encontrar nos planos interiores do ser.
Aqui ficamos a saber, que a união da consciência cósmica com a terrestre, e o apelo a esse deus interior que existe dentro de todos nós, é imprescindível para enfrentar tarefas que exigem um esforço maior. Hércules medita em consciência, na sua essência repleta de luz, que significa a busca de Peixes, ser que vem ao mundo para compreender a própria essência e para se revelar como fé.
Como resultado da sua meditação, recebe o Santo Graal – cálice dourado – depósito de toda a sabedoria.
É com frieza que Hércules consegue enfrentar Gerião, mas esta frieza levada ao extremo pode revelar-se em tirania, daí que o bom senso demonstra bem o signo de Peixes em equilíbrio. O lutador com que Hércules se debate, mostra a raiva contida de peixes e falta de firmeza na sua própria colocação e ação no mundo; e o ter que abandonar momentaneamente o rebanho para ir apanhar algum boi desgarrado, demonstra também a dificuldade que o signo de peixes sente com os imprevistos.
Quando chega à cidade sagrada e ouve “A jóia da imortalidade pertence-te. Por estes doze Trabalhos tu superaste o humano e te revestiste do divino. De volta ao lar viestes, para não mais partires. No firmamento estrelado o teu nome será inscrito, um símbolo para os batalhadores filhos dos homens, de seu imortal destino. Os trabalhos humanos estão encerrados, tua tarefa Cósmica começa”, aprende finalmente que necessitava de ter coragem e fé para ver tudo o que viu, e que estes valores são o seu legado para os seus irmãos. E para o conseguir, o homem tem que tirar o seu Cristo da cruz e caminhar ao seu lado.
Tarot
Depois de tantas tarefas, depois de passar por provas incontornáveis, difíceis e algumas falhas, o herói está pronto para o auto-sacrifício. O Enforcado chegou, é o momento em que o herói tem de assumir que os seus pés estão no Céu e as suas mãos na Terra. É o momento em que compreende que a sua missão sempre foi a de regressar à Casa do Pai, mas que afinal ele sempre lá esteve, e que por isso passou por tudo o que passou. Grato pelas lições de vida ele mostra como está diferente, como conseguiu adquirir as qualidades que lhe faltavam desde a primeira tarefa, em que ingenuamente colocou a vida do seu amigo em perigo.
O Enforcado é o reinício de uma fase na vida do herói. As tarefas não terminaram por aqui, agora na escalada da Árvore da Vida ele terá novas provas a superar, mas nestas aprendeu que apenas com a inversão das polaridades, trilhando um caminho equilibrado, buscando a perfeita harmonia das coisas, ele poderá chegar ao seu destino. Compreende agora que não há ilusões, apenas mudanças da realidade, não há adversários, apenas coadjuvantes, não há princípio nem fim, apenas uma eterna dança cósmica.
Com todo este conhecimento, o herói avança na Vida como o Louco, seguindo em frente, voltando atrás, parando e refletindo, dançando e rindo, mas tudo isso feito com muita consciência, pois agora ele sabe que nunca esteve só, nunca falhou ou passou, nunca perdeu ou ganhou, apenas viveu.
«O Enforcado sacrifica-se pois sabe que isso não existe. Ele inverte a ordem da vida e age com as raízes no Divino e a mente na Terra. Agora ele nem precisa de se mexer para poder atuar. O Louco ganha forma.»
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Re: OS 12 Trabalhos de Hércules
Está Feito, Terminado e Acabado.
Abençoada seja a imortalidade do Filho que através das provas alcança a divindade e semelhança do Pai.
Sejamos gratos pela oportunidade do trabalho,
Pois somente o labor edifica a alma humana transformando-a, lapidando-a para o seu verdadeiro propósito.
Saudações!
Malklord
Abençoada seja a imortalidade do Filho que através das provas alcança a divindade e semelhança do Pai.
Sejamos gratos pela oportunidade do trabalho,
Pois somente o labor edifica a alma humana transformando-a, lapidando-a para o seu verdadeiro propósito.
Saudações!
Malklord
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