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Destino: Causas e Efeitos.

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Mensagem por Nauta Sáb Fev 21, 2015 7:22 pm

O Inevitável

De todas as questões sobre a vida e seus mistérios, a dúvida sobre a capacidade do ser humano decidir o próprio destino é uma das mais intrigantes. Tão assustadora em suas possíveis respostas como a vida após a morte ou a existência de Deus, nos coloca em cheque entre a responsabilidade sobre cada passo que damos ou a frustração de sermos arrastados fatalmente por um corredor de experiências pré-programadas, sem portas laterais, em direção a um destino imutável.

Dizer que nosso destino está traçado nas palmas de nossas mãos ou nas hélices que definem a função de cada célula de nossos corpos talvez alivie um pouco o peso das consequências que cada escolha tem sobre nós e nas pessoas ao nosso redor, talvez nos dê conforto acreditar que nada do que acontece é realmente nossa responsabilidade, mas nos momentos críticos as decisões ainda estão em nossas mãos, ainda lutamos para conseguir os melhores resultados possíveis, para viver o que desejamos. E por que lutamos, então? Lutamos por que sempre “queremos”. O “querer” é o princípio de toda ação, é por ele que vivemos e enfrentamos o que for necessário para atingir objetivos traçados, e esta energia que nos move tem seus próprios estágios.

O instinto é a primeira fase da energia, aquilo que necessitamos para sobreviver, o que o nosso corpo pede para se manter funcional. Comer, beber, se proteger do calor e do frio, se reproduzir, fugir do perigo iminente... Parece sempre incontrolável, totalmente involuntário.
O desejo, a segunda fase, gerencia a satisfação do corpo procurando o bem estar emocional. Nós desejamos além daquilo que necessitamos, procuramos o que nos faz sentir bem, buscamos através dele, para além da saciedade, a satisfação. Enquanto o instinto pede simplesmente comida para nutrir o corpo, o desejo pede chocolate por seu sabor. Se o corpo pede calor para se aquecer, o desejo pede nossa própria cama e cobertor pelo conforto. Esta fase geralmente é confundida com nossa própria personalidade, com quem nós realmente somos.

A vontade é aquilo que decidimos para além do instinto e do desejo, aquilo que nós realmente queremos. Geralmente se pauta em processos mais racionais que emocionais e visa um objetivo que definimos como prioridade total. É por ela que podemos decidir, quando estamos com sono e queremos ir para casa, ficar no trabalho e terminar uma tarefa importante. É pela vontade que superamos nossas próprias tendências frente às influências do ambiente para nos mantermos num caminho que nós mesmos decidimos percorrer, ela nos coloca em movimento em direção àquilo que queremos. E estar acimas das primeiras fases do querer não quer dizer que ela seja independente, afinal somos humanos e o querer como um todo é a energia que nos move, o que a diferencia é o poder (mas não obrigatoriedade) de agir contra os desejos e necessidades primarias para atingir uma vontade maior, é a capacidade de priorizar.

O querer é a causa de nossas ações e uma ação em si próprio. Ele em si é a origem em uma cadeia efeitos que trazem os resultados, reações aos nossos feitos que voltam para nós com a mesma força e intensidade com que partiram, em um movimento de ritmo. Este é o verdadeiro destino: as reações do que realizamos no mundo voltando para nós pelo movimento rítmico da vida, trazendo de volta tudo o que conseguiu acumular da distância que cobriu e dos outros quereres onde esbarrou. Aquele que é dominado pelo instinto e pelo desejo, confundindo sua personalidade com seus impulsos, não enxerga este movimento por não tomar conhecimento de que causa o mesmo. Aquele que os domina pela vontade direciona o movimento e enxerga os resultados até onde consegue levar conscientemente suas ações.

Nada é mais importante que conhecer, treinar e dominar nosso querer, pois toda e qualquer ação que parta de nós é de nossa inteira responsabilidade, tudo o que decidimos é nosso e todas as reações que recebemos também são nossas. Mesmo a inatividade é uma escolha, mesmo ela é focada em um querer e traz suas consequências. Portanto, não convém culpar a outros pelo nosso “destino” quando os passos em nosso caminho até ele são dados por nós mesmo.

Nossas escolhas são causas e delas virão os efeitos. Tudo tem um preço. Toda ação gera uma reação. Não existe coincidência neste mundo, apenas o inevitável.
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Destino: Causas e Efeitos. Empty Re: Destino: Causas e Efeitos.

Mensagem por Malklord Seg Fev 23, 2015 9:39 pm

Uma bela abordagem da Lei de causa e efeito...
Nós somos responsáveis pelos nossos atos...
Muitos confundem-se quando Crowley diz : "Fazes o que tu queres há de ser tudo da Lei", na verdade nada escapa a Lei, tudo deve há de ser considerado pela Lei, e tudo terá seu efeito originado por qualquer ação seja ela considerada positiva ou negativa, tudo tem uma consequência.

Como é dito nO Caibalion:

O Caibalion escreveu:Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei"

Saudações!

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Mensagem por Nauta Dom Mar 15, 2015 2:18 am

Um ponto especifico sobre a questão do destino sobre o qual as pessoas se deslumbram é o dos encontros que marcam nossas vidas. Todos nós já encontramos em nossos caminhos aquelas pessoas com quem simpatizamos imediatamente e firmamos uma intimidade em instantes, como se as conhecêssemos de uma vida inteira. Da mesma maneira há aquelas perto de quem sempre nos sentimos desconfortáveis, mesmo que nunca nos tenham feito mal. Há ainda aquelas que passam com impacto, deixando uma marca em nosso caminho, mudando nossa trajetória e nos transformando em momentos e de maneiras muitas vezes improváveis, aparecendo na figura de um mestre, um amigo, aquele parente distante, uma paixão de adolescência, o amor de nossas vidas... Nós não controlamos as outras pessoas, então não seriam esses encontros obra do destino?

Para responder a esta questão, gostaria de usar como base alguns trechos de uma das obras fundamentais do espiritismo, O Livro dos Espíritos por Alan Kardec, codificador da doutrina espírita. As perguntas são respectivamente as 217-a e 215 do Livro Segundo, capitulo IV, seção VII, e as 387 e 388 do Livro Segundo, capítulo VII, seção VII:

P: De onde vêm as semelhanças morais que existem às vezes entre os pais e os filhos?
R: São espíritos simpáticos, atraídos pela afinidade de suas de suas inclinações.

P: De onde vem o caráter distintivo que se observa em cada povo?
R: Os espíritos também formam família pela similitude de suas tendências, mais ou menos purificadas segundo suas elevações. Pois bem: um povo é uma grande família onde se reúnem espíritos simpáticos. (...)

P: A simpatia tem sempre por motivo um conhecimento anterior?
R: Não, dois espíritos que tenham afinidade se procuram naturalmente, sem que se hajam conhecido como encarnados.

P: Os encontros que se dão algumas vezes entre certas pessoas, e que se atribuem ao acaso, não seria o efeito de uma espécie de relações simpáticas?
R: Há, entre os seres pensantes, ligações que ainda não conheceis. O Magnetismo é a bússola desta ciência, que mais tarde compreenderei melhor.

Mais do que qualquer coisa, espíritos se unem por suas afinidades, pela proximidade de suas visões de mundo, gostos e desgostos, experiências passadas e expectativas de futuro. Mais do que qualquer pessoa especifica, procuramos tipos de pessoas com as quais sejamos compatíveis. A afinidade é uma causa, a simpatia e união são consequências. De maneira análoga mas em sentido contrário funcionam as antipatias. Além da simples afinidade entre um espírito e seus “próximos”, há de se levar em conta ainda quanto aos encontros, as ações mais amplas de leis universais: as nossas escolhas e ações moldam todo o nosso ambiente e tudo o que o preenche, nossos passos nos levam para onde os direcionarmos e muita gente anda na mesma direção. Por último, há a possibilidade de encontros decididos antes da experiência terrena, para resgate de dívida ou cumprimento de karma, ajuda mútua em um propósito comum, aprendizado através das diferenças, ou qualquer um dos infinitos motivos que se possa ter.

Assim, mais do que o que fazemos, quem somos (ou quem “estamos”) também é um determinante dos nossos caminhos e isso sem ferir em nenhum momento nossa capacidade de decisão e ação. Se através da vontade podemos domar e moldar nossos desejos, dobramos também nossas simpatias e nos colocamos em contato com as pessoas compatíveis. As nossas ações nos levam para os ambientes compatíveis com pessoas compatíveis de acordo com o que queremos.
Tudo de acordo com a lei.
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Mensagem por Nauta Dom Mar 15, 2015 2:23 am

Aparte do texto mas ainda sobre ele, gostaria de citar aqui um filme que acho que cabe perfeitamente no tópico e que me impressionou quando assisti. Trata-se do alemão “Corra, Lola, Corra” (Lola Rennt) do diretor Tom Tykwer. O filme é sobre uma garota de cabelos vermelhos que precisa arranjar dinheiro em curto prazo para salvar o namorado que esqueceu um pacote de um mafioso em um trem. Ela tem que literalmente correr para arranjar uma solução e o faz três vezes em três linhas do tempo diferentes contadas em sequência sucessiva. A situação é sempre a mesma, mas as decisões da protagonista mudam de maneira total o cenário em um nível profundo. Sempre que passa por determinadas pessoas, flashes de suas vidas são mostrados revelando quem são realmente, cada uma das três vezes em condições diferentes, mas sendo os mesmos. Cada decisão de Lola muda seu caminho e seu final. Citei o filme pois, a impressão que ficou em mim foi que o cenário conta o contexto e define a personagem e, a cada uma das tentativas de Lola, os encontros e acontecimentos refletem quem ela é naquele cenário, mais do que mostrar os mundos de cada passante aleatório, os flashes refletem a existência da própria protagonista e testemunham sobre ela.

Ainda sobre o filme, em uma cena em que Lola e o namorado estão deitados juntos, ela pergunta se ele a ama mesmo e como ele sabe disso. Após uma reposta reticente do companheiro ela pergunta se, se eles não houvessem se encontrado, se ela não existisse, se ele a amaria mesmo assim ou estaria com outra pessoa.

Enfim, se alguém achar pertinente posto na videoteca, mas acredito que não tenha a ver com o propósito do fórum.

Até a próxima.
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Mensagem por Neo Dom Mar 15, 2015 11:16 am

Aarin Federleicht escreveu: se ela não existisse, se ele a amaria mesmo assim ou estaria com outra pessoa.
Muito bom.



Em A Escolha dos Três, segundo livro da série A Torre Negra que citei
em outro tópico, o protagonista deve encontrar três pessoas que estão
destinadas a ajudá-lo em sua busca. Formando uma espécie de união mágicka
entre eles, onde até mesmo o pensamento de um é compartilhado pelos demais.
No livro esta união é denominada Ka'tet que seria algo como "Pessoas Destinadas".

Em várias culturas e seguimentos isso é citado e trata-se de um assunto
bem interessante de ser estudado.

Continue com o tópico, Aarin. Estou acompanhando.
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Mensagem por Guapo Dom Mar 15, 2015 8:05 pm

Malklord escreveu:Uma bela abordagem da Lei de causa e efeito...
Nós somos responsáveis pelos nossos atos...
Muitos confundem-se quando Crowley diz : "Fazes o que tu queres há de ser tudo da Lei", na verdade nada escapa a Lei, tudo deve há de ser considerado pela Lei, e tudo terá seu efeito originado por qualquer ação seja ela considerada positiva ou negativa, tudo tem uma consequência.

Perfeito... para complementar:

Crowley em "A mensagem do Mestre Therion" escreveu:... Observe isto cuidadosamente; isso parece sugerir uma teoria de que se todo homem e toda mulher fizessem sua vontade—a verdadeira vontade—não haveria conflitos. “Todo homem e toda mulher é uma estrela”, e cada estrela se move por um caminho designado sem interferência. Há bastante espaço para todos; é apenas a desordem que cria confusão.

A partir destas considerações deve ter ficado claro que “Faze o que tu queres” não significa “Faça o que você desejar”. Ela é a apoteose da Liberdade; mas é também o vínculo mais estrito possível.

Faze o que tu queres — e então não faça nada mais. Não permita que nada desvie a ti daquela austera e santa tarefa. A Liberdade é absoluta para fazer a tua vontade; mas tente fazer qualquer outra coisa seja qual for, e instantaneamente os obstáculos vão surgir. Todo ato que não esteja dentro do curso definido daquela órbita é irregular, um impedimento. Vontade não pode ser duas, mas só uma.

Desejos são deturpações da Vontade causadas por Nephesch e Ruach.

Att,
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Mensagem por Malklord Dom Mar 15, 2015 8:55 pm

Guapo escreveu:Desejos são deturpações da Vontade causadas por Nephesch e Ruach.

Desejos não corrigidos,
São deturpações da Vontade,

Pois existe uma única Vontade a ser considerada,

Muito bem Guapo,

Saudações!
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Mensagem por Lancelot Seg Mar 16, 2015 7:15 pm

Saudações.

Pegando na minha visão religiosa mais uma vez.

Ogun, que é a Lei em si mesmo, trono da Lei, escreve sempre certo por linhas certas.
Mas a Lei nem sempre se serve da rectidão para trazer a ordem natural das coisas. E é aí que surge um trono Cósmico, o Trono da Vitalidade que muitas vezes a Lei se serve.
Os seres deste Trono escrevem torto por linhas certas. Escrevem certo por linhas tortas. E escrevem torto por linhas tortas. Mas jamais vai escrever certo por linhas certas.
Não esqueçamos que a Lei possui dois polos, logo actua do Alto ao Embaixo sem distinção.
E no Embaixo, o Trono da Vitalidade é instrumento da Lei.
Aqui entram os tão malfalados Exus. E esgotar Karmas é uma de suas funções.
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Mensagem por Nauta Qua Mar 18, 2015 1:12 am

Muito obrigado pelo incentivo, pessoal. Fico realmente feliz de participar daqui.

@Neo, ainda não li nada de Stephen King, mais por não ter ficado impressionado com algumas adaptações cinematográficas que vi sem saber que eram baseadas nas obras dele. Mas pretendo corrigir este status o mais rápido possível, as pequenas leituras que tenho feito dele me deixaram impressionado e é um grande nome que causa no mínimo curiosidade. Sua citação de “A Torre Negra” no tópico sobre Alquimia me deixou sem ar.

@Malklord e @Guapo, Crowley é uma figura popular complicada e eu estava conversando justamente sobre isso com um amigo há alguns dias. A junção das ideias "fazes o que tu queres há de ser tudo da Lei", “amor sob vontade” e “a lei do mais forte”, ainda mais sem um estudo mais cuidadoso das mesmas, pode gerar um pouquinho de confusão. Há quem aceite estas ideias como uma libertação de noções de dever para com o resto do mundo e uma legitimação de todo desejo e atitude egoísta. Particularmente, ainda não li O Livro da Lei, só conversei com uma pessoa que se declara abertamente como thelemita, e ele parecia se encaixar até certo ponto neste perfil.

@Lancelot, tenho começado a me interessar por religiões de matriz africana, especialmente depois de algumas experiências pessoais um tanto quanto intensas. Por hora tenho uma amiga umbandista que me orienta sempre que peço e li algumas coisas do Rubens Saraceni. Alguma indicação de complementação?
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Mensagem por Malklord Qui Mar 19, 2015 7:17 pm

Aarin Federleicht escreveu:@Malklord e @Guapo, Crowley é uma figura popular complicada e eu estava conversando justamente sobre isso com um amigo há alguns dias. A junção das ideias "fazes o que tu queres há de ser tudo da Lei", “amor sob vontade” e “a lei do mais forte”, ainda mais sem um estudo mais cuidadoso das mesmas, pode gerar um pouquinho de confusão. Há quem aceite estas ideias como uma libertação de noções de dever para com o resto do mundo e uma legitimação de todo desejo e atitude egoísta. Particularmente, ainda não li O Livro da Lei, só conversei com uma pessoa que se declara abertamente como thelemita, e ele parecia se encaixar até certo ponto neste perfil.

Na verdade essas frases tem implicações muito mais profundas, pois a Vontade citada não é a vontade do Ego.
Mas sim a Vontade Ultima, aquela que só se alcança quando alcançamos o intenção por trás de tudo o que vivemos.

Um pouco sobre o que a Kabbalah fala, na verdade como diria a Sra Helena Petrovna Blavatsky, tudo é uma única verdade, uma única doutrina que ao ser compartilhada com o templos profanos tornou-se as diversas formas de manifestação do pensamento religioso e filosófico.

A compreensão da profundidade do pensamento sempre mal interpretado dá origem os absurdos teológicos e outras coisas.

Na verdade tudo vira justificativa para a realização dos desejos torpes da humanidade...

Mas vamos em frente, vamos debater, esse é o intuito do fórum...
Debater para chegar a um consenso, ou na falta dele pelo menos traremos a luz nossas ideias e deixaremos que os demais decidam que caminho tomar.

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Mensagem por Nauta Sex Mar 20, 2015 1:20 pm

De fato, @Malklord. Acredito que a libertação da culpa é uma coisa que as pessoas buscam avidamente em todos os cantos. No espiritismo, por exemplo, há quem se entusiasme pela falta de um inferno eterno e possibilidade de, com a reencarnação, não se preocupar tanto com a vida, pensando em deixar todo trabalho para mais tarde, uma situação sobre a qual o próprio Kardec alerta no Livro dos Espíritos. Em religiões protestantes há também quem procure a liberdade da culpa jogando-a nas mãos dos demônios, responsabilizando a figura por suas tendencias e ações sem controle. É uma questão de desejos pessoais que muitas vezes não refletem a ideia religiosa/filosófica real.
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Destino: Causas e Efeitos. Empty Escolhas Impossíveis

Mensagem por Nauta Sex Mar 20, 2015 1:42 pm

Quando se fala em livre arbítrio e poder de escolha, a primeira ideia que nos surge é daquilo que queremos fazer, seja no campo do desejo ou nos projetos da vontade. Podemos escolher o nosso caminho. Mas em situações especificas, em conflitos pontuais, muitas vezes nos vemos encurralados e dizemos ao mundo: “eu não tenho escolha”.

Este é um assunto delicado, acredito eu, por entrar nas implicações reais do conceito da liberdade de ação, por não se manter na superfície. Primeiro pela noção de responsabilidade criada. Dizer que alguém que ela é capaz de escolher também quer dizer que ela é diretamente responsável pelas consequências do que faz, mesmo que a decisão inicial não seja exclusivamente sua. Segundo, por que esta responsabilidade se estende sobre e preenche cada situação da vida, não só as mais gerais, mas principalmente as ações práticas especificas.

Exemplificando para deixar mais claro: um jovem prestes a escolher o curso que pretende tomar na faculdade, tendo diante de si uma variedade de escolhas, as vezes se sente confuso entre duas ou mais tendências e preferencias, mas sabe que pode escolher o que quer.  Se este jovem tiver uma certa pressão familiar para seguir uma carreira especifica, pode se sentir sem escolha, empurrado para aquele destino, mas se tiver segurança em si mesmo e em suas capacidades, pode desafiar a autoridade que o impele para a direção que não deseja seguir.

O exemplo acima ainda é leve, mas existem situações muitas vezes consideradas impossíveis e resumidas em um dito popular: “estou entre o penhasco e a espada”. São aqueles momentos em que as escolhas apresentadas a uma pessoa parecem dolorosas demais para que ela possa decidir entre uma e outra, sem possibilidade de fuga por uma trilha alternativa. Mais uma vez exemplificando, imaginem um diabético que recebe uma dieta restrita de seu médico, que deve ser posta em pratica imediatamente sob pena de danos graves ao corpo e talvez óbito. Ele não parece ter opção a não ser seguir a dieta mas, se quiser na verdade, pode ignorar as recomendações do médico ou até simplesmente se empanturrar de doces, nada o impede na realidade. Ou não é verdade que, por diferentes motivos, pessoas decidem pelo suicídio? E elas próprias em seu desespero ou insatisfação pela vida dizem que não tem escolhas. Outro exemplo evolvendo decisões sobre outras pessoas, alguém que recebe demandas de um bandido com reféns não tem escolha a não ser acatá-las. Também não é verdade, ele pode decidir fazer o que quiser com consequências nas vidas dos reféns, mas nada o impede de ignorar as demandas ou mesmo instigar o bandido. Até mesmo tomando o ditado apresentado literalmente, quem estivesse na situação poderia pular no penhasco, ou na espada o inimigo, sentar e esperar, tentar fugir, negociar... A escolha sempre existe e a lógica nos mostra isso nestes exemplos: para tomar uma decisão é preciso estar vivo e viver em si é uma decisão.

Usei estes exemplos mais pesados pois, para uma “pessoa de bem”, são situações onde apenas uma coisa pode ser feita: tentar minimizar os danos ao máximo. A vida é o bem mais precioso e mais fortemente guardado nos campos do instinto e desejo. Mas não só para o mal existem as escolhas. Ou não é verdade que, em uma situação de risco iminente, pessoas arriscam suas vidas para salvarem outras? Um pai por exemplo, que se joga na frente de um veículo em movimento para tirar seu filho do caminho e impedir que o mesmo seja atropelado. Ele sabe do risco, sabe da possibilidade de danos graves e morte, mas prioriza outra vida em detrimento da sua. A busca espiritual não é tantas vezes recheada de renuncias e duvidas que causam sofrimento mesmo que temporário? E ainda assim nós as aceitamos. O Cristo não deu sua vida passando por uma série de suplícios pela sua causa e pelo bem de seus irmãos? São decisões que também parecem impossíveis, mas não são, e a prova é que foram e são tomadas todos os dias.

Então o que define a possibilidade destas escolhas tão difíceis? Um pequeno conjunto de condições ambientais e pessoais, sendo os que consegui identificar:

• Querer. De maneira geral, incluído instinto, desejo e vontade. Tudo depende primariamente do que uma pessoa quer, do objetivo que visa alcançar. É definido em grande parte pelo ambiente, cultura, orientação e pressões externas, mas sempre sancionada pela vontade própria. Junto com ela vem a...
• Referencial. As decisões que você toma são referentes ao desejo. O diabético só teria alternativa de fazer a dieta se quisesse viver com uma certa qualidade, só ai ele teria apenas uma opção. Sem contar que “qualidade” é um conceito subjetivo.
• Coragem. A força da vontade que leva a uma decisão ao nível de ação efetiva. Recuso interno que permite que alguém ultrapasse as resistências a suas decisões.
• Oportunidade. Recurso externo, o momento de obter o máximo de proveito da energia empregada.

Então não existe limite às escolhas? Sim, existe. Em primeiro o limite as ações provenientes das decisões e seus efeitos, que são as leis da natureza. Alguém pode decidir pular de um penhasco e flutuar pelo céu, mas se vai conseguir já é outro assunto. Em segundo, bem, “decidir” é um verbo que indica uma ação e toda ação para ser concretizada depende dos recursos disponíveis. Para que uma pessoa tome uma decisão ela depende principalmente de recursos internos, de seu conhecimento sobre o mundo e si mesmo, e de sua capacidade de acessar a ação sobre a qual pretende agir, e de sua força interna. Alguém dominado pelo medo por exemplo, pode ter o corpo paralisado e, mesmo que intente se mover, não conseguirá. Alguém que não sabe com o que está lidando dificilmente vai ter noção da gama de possibilidades de ação possível para resolver um problema, e assim assumirá a responsabilidade total por todas as possibilidades de resultado do que fizer.

Bom, é isso. O segundo post junto com este agora, são desdobramentos do que falei no primeiro, quase redundâncias, mas achei importante falar sobre o assunto, já que muitas vezes aceitamos uma ideia superficialmente sem perceber até onde ela vai e quais de nossas crenças sobre o mundo elas afetam. Dizer que temos livre arbítrio é o mesmo que abandonar a fala “não tenho escolha” e isso é muito difícil.

Vi uma série recentemente onde um general alemão perguntava a um prisioneiro judeu por que ele havia mentido dizendo que era carpinteiro e estava trabalhando para eles no campo e concentração. O jovem respondeu que não tinha escolha se quisesse viver. O general então colocava uma arma na mão do judeu e a apontava para si mesmo dizendo: - você tinha escolha, só não tinha coragem de decidir por ela. Foi o que me deu mais vontade de falar sobre o assunto.

Vou seguir agora para um canto que prometi desenvolver, mas continuo acompanhando todo o fórum, o tópico continua aberto para qualquer coisa que quiserem adicionar e qualquer discussão que acharem pertinente.

Obrigado pessoal.
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Mensagem por Lancelot Sex Mar 20, 2015 5:58 pm

Aarin Federleicht escreveu:Muito obrigado pelo incentivo, pessoal. Fico realmente feliz de participar daqui.

@Neo, ainda não li nada de Stephen King, mais por não ter ficado impressionado com algumas adaptações cinematográficas que vi sem saber que eram baseadas nas obras dele. Mas pretendo corrigir este status o mais rápido possível, as pequenas leituras que tenho feito dele me deixaram impressionado e é um grande nome que causa no mínimo curiosidade. Sua citação de “A Torre Negra” no tópico sobre Alquimia me deixou sem ar.

@Malklord e @Guapo, Crowley é uma figura popular complicada e eu estava conversando justamente sobre isso com um amigo há alguns dias. A junção das ideias "fazes o que tu queres há de ser tudo da Lei", “amor sob vontade” e “a lei do mais forte”, ainda mais sem um estudo mais cuidadoso das mesmas, pode gerar um pouquinho de confusão. Há quem aceite estas ideias como uma libertação de noções de dever para com o resto do mundo e uma legitimação de todo desejo e atitude egoísta. Particularmente, ainda não li O Livro da Lei, só conversei com uma pessoa que se declara abertamente como thelemita, e ele parecia se encaixar até certo ponto neste perfil.

@Lancelot, tenho começado a me interessar por religiões de matriz africana, especialmente depois de algumas experiências pessoais um tanto quanto intensas. Por hora tenho uma amiga umbandista que me orienta sempre que peço e li algumas coisas do Rubens Saraceni. Alguma indicação de complementação?

Rubens saraceni sem dúvida mesmo. Mas tome cuidado, a umbanda é bastante complexa e multifacetada.

E no que eu puder ajudar, é só perguntar.

Se o Malk permitir um dia abro esse topico
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Mensagem por Malklord Sex Mar 20, 2015 10:52 pm

Lancelot escreveu:
Se o Malk permitir um dia abro esse tópico

E precisa de permissão para isso?
Até parece que não me conhece nobre irmão!
Fique a vontade, brinde-nos com vossos conhecimentos!

Saudações!
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Mensagem por Malklord Ter Jul 26, 2016 10:24 pm

Bom Aproveitando o tópico vamos falar um pouco sobre a teoria da presciência,


"Como é possível o conhecimento do futuro? Para compreendermos, tomemos, para comparação, um exemplo nas coisas usuais:
Suponhamos um homem colocado no cume de uma alta montanha, a observar a vasta extensão da planície em derredor. De lá ele consegue observar de um só golpe de vista os diversos acidentes do terreno. O viajor, que pela primeira vez percorra essa estrada, sabe que, caminhando, chegará ao fim dela. Entretanto, os acidentes do terreno, as subidas e descidas, os cursos d’água que terá de transpor, os bosques que haja de atravessar, tudo isso independe da sua pessoa; é para ele o desconhecido, o futuro. Para o homem que está em cima da montanha e que o acompanha com o olhar, tudo aquilo está presente. Suponhamos que esse homem desce do seu ponto de observação e, indo ao encontro do viajante, lhe diz: “Em tal momento, encontrarás tal coisa. ” Para o viajante, ele estará predizendo o futuro.
No domínio da vida espiritual, os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração não existem para eles. Mas, a extensão e a penetração da vista são proporcionais à depuração deles e à elevação que alcançaram na hierarquia espiritual. De conformidade com o grau de sua perfeição, um Espírito pode abarcar um período de alguns anos, de alguns séculos, mesmo de muitos milhares de anos. Todos os eventos que, nesse período, constituem o futuro para o homem da Terra são o presente para ele, que poderia então vir dizer-nos. Se assim não procede, é porque poderia ser prejudicial ao homem o conhecimento do futuro, lhe entravaria o livre-arbítrio, paralisá-lo-ia no trabalho que lhe cumpre executar a bem do seu progresso.
Entretanto, como o homem tem de concorrer para o progresso geral, e que certos acontecimentos devem resultar da sua cooperação, pode convir que, em casos especiais, ele pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o encaminhamento e de estar pronto a agir, em chegando a ocasião. Por isso é que Deus, às vezes, permite se levante uma ponta do véu; mas, sempre com fim útil, nunca para satisfação de vã curiosidade. É de notar-se que as revelações dessa espécie são sempre feitas espontaneamente e jamais, ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta.
Semelhante missão pode ser confiada a certos homens. Aquele a quem é dado o encargo de revelar uma coisa oculta recebe, à sua revelia e por inspiração dos Espíritos, a revelação e a transmite maquinalmente, sem se aperceber do que faz. De outra forma, em estados de emancipação da alma (como no sono, no êxtase e na dupla vista), um homem moralmente adiantado e que tenha recebido uma missão especial para esse feito, pode abarcar, por si mesmo, um período mais ou menos extenso, e verá, como presente, os acontecimentos desse período.
O dom da predição, pois, não é mais sobrenatural do que uma multidão de outros fenômenos. Ele se funda nas propriedades da alma e na lei das relações do mundo visível com o mundo invisível.
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Destino: Causas e Efeitos. Empty Re: Destino: Causas e Efeitos.

Mensagem por Neo Sáb Jul 30, 2016 12:50 pm

Malklord escreveu:O viajor, que pela primeira vez percorra essa estrada, sabe que, caminhando, chegará ao fim dela. Entretanto, os acidentes do terreno, as subidas e descidas, os cursos d’água que terá de transpor, os bosques que haja de atravessar, tudo isso independe da sua pessoa; é para ele o desconhecido, o futuro.

É interessante observar os roteiros cinematográficos(entramos naquele velho dilema da vida imitar ou ser imitada pela arte), onde durante o processo de escrita é estabelecido pelo roteirista dois tipos de fichas, a ficha da história que anota tópicos que ocorrerão ao longo da história e a ficha do personagem.
Na ficha do personagem é estabelecido cor da pele, cabelos, olhos, local onde vive, amigos, família e a relação que o personagem terá com essas pessoas, mas a pergunta mais importante destas fichas é: o que o personagem quer?
e logo abaixo desta vem: Como conseguirá?
O personagem quer uma coisa, ele elabora um plano para conseguir esta coisa, porém o plano jamais dará certo, pois a história necessita de uma oposição, a oposição irá tirar ele dos trilhos e novas decisões serão feitas para que ele realize a meta, ele irá contornar várias situações inesperadas para chegar ao mesmo ponto que planejou, pois ele não conhece a estrada, não sabe dos obstáculos e inimigos que podem aparecer pela frente.



Malklord escreveu: Entretanto, como o homem tem de concorrer para o progresso geral, e que certos acontecimentos devem resultar da sua cooperação, pode convir que, em casos especiais, ele pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o encaminhamento e de estar pronto a agir, em chegando a ocasião. Por isso é que Deus, às vezes, permite se levante uma ponta do véu; mas, sempre com fim útil, nunca para satisfação de vã curiosidade. É de notar-se que as revelações dessa espécie são sempre feitas espontaneamente e jamais, ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta.
Verdade, estas revelações costumam ocorrer em momentos introspectivos, ou em outras ocasiões somos pegos de surpresa como um vento que passa e sopra em nossos ouvidos. Esse tipo de revelação quase nunca vem de uma meditação consciente acerca do assunto.
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