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Khalil Gibran

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Mensagem por Malklord Sáb Set 12, 2015 9:52 pm

Khalil Gibran Khalil10

Gibran Khalil Gibran, Khalil Gibran, ou simplesmente Gibran, nasceu a 6 de dezembro de 1883, em Bicharre, aldeia da região montanhosa do norte libanês, a pequena distância dos milenares cedros. Sua família sofre pelas precárias condições de vida. O pai é um simples coletor de impostos rurais. A mãe, viúva de um casamento anterior,  igualmente humilde. Desde criança demonstra uma paixão irrefreável pelas tempestades. Tinha oito anos quando um violento temporal se abate sobre sua cidade. O pequeno Khalil, para desespero dos pais, recusa-se a procurar abrigo. Prefere correr de encontro aos ventos, à chuva, aos relâmpagos. Mais tarde ele vai dizer que as tempestades libertam seu coração das preocupações e sofrimentos. Ao completar doze anos de idade, sua mãe emigra para os Estados Unidos. O pai permanece no Líbano. Tudo indica que, devido à difícil situação material, a convivência entre os pais de Gibran ficara impossível. Kamilah, a mãe, decide viajar para os Estados Unidos, chegando a Boston com Gibran, seus irmãos Sultana, Mariana e Pedro, único filho de seu casamento anterior. Vão morar num pequeno gueto de sírio-libaneses, perto do Bairro Chinês de Boston, nos arredores da rua Hudson. Aqui tem início a odisséia americana de Khalil Gibran. Toda a família começa a trabalhar no que pode, para sobreviver. Três anos depois, em 1898, Gibran é mandado de volta ao Líbano, sozinho. Em Beirute, estuda num colégio de padres maronitas. Dedica-se ao árabe, ao francês e à literatura, tanto oriental como ocidental. Demonstra raro interesse pelo estudo das religiões, procurando confrontar os ensinamentos cristãos com as informações recolhidas dos livros islâmicos. Devora praticamente a Bíblia e o Alcorão. Em 1903, de volta a Boston, Gibran está resolvido a tentar viver explorando sua aptidão para a literatura e para a pintura. Colabora com jornais da comunidade sírio-libanesa nos Estados Unidos. Dedica-se a aprimorar o seu inglês. Toda a família continua a trabalhar intensamente. A mãe e as duas irmãs são costureiras e o irmão é empregado em uma loja. Khalil não volta a estudar, decidido a viver de sua arte. O século começa com uma série de tragédias fatais para sua família. Entre 1902 e 1903 Gibran perde a irmã Sultana, a mãe e o meio-irmão Pedro, atingidos por enfermidades graves. Vive com a irmã Mariana, que sustenta a ambos com seu trabalho de costureira. Daí em diante, atira-se de corpo inteiro ao labor artístico. Em 1904, realiza sua primeira exposição de pinturas e desenhos num atelier em Boston. Ali conhece a professora Mary Haskell que teria um papel decisivo em sua vida. Gibran tem vinte e um anos. Mary torna-se sua amiga fiel e companheira constante. Ajuda Gibran a progredir em seus conhecimentos de inglês e lhe dá um apoio sem o qual não conseguiria realizar a maioria de seus projetos. Em 1908, viaja para Paris, onde Mary Haskell lhe oferece custear seus estudos artísticos. Permanece quase três anos em Paris, estudando na Escola de Belas Artes e na Academia Julien. Conhece Auguste Rodin. Uma de suas telas é escolhida para a Exposição das Belas-Artes de 1910. A temporada parisiense é intensa e fértil. Estuda, visita museus, escreve, pinta... De volta a Boston, mora algum tempo com a irmã Mariana. No outono de 1911, Gibran muda-se para Nova Iorque, onde aluga um atelier no número 51 da rua Oeste 10, em um edifício em pleno Greenwich Village. Gibran reúne em volta de si um pugilo de escritores libaneses e sírios formando uma academia literária, que muito contribuiu para o renascimento das letras árabes. Apesar de toda essa efervescência, Gibran aprecia mesmo é trabalhar e isolar-se ao máximo. Suas aparições em público começam a tornar-se cada vez mais espaçadas, sentindo-se livre apenas quando está só. Come pouco e trabalha muito. Sempre que pode evita compromissos sociais. Todo esse potencial exuberante concentra-se em sua obra literária, numa carreira iniciada em 1905, escrevendo quase que exclusivamente em árabe.
Nesse período, até 1920, publica sete livros nessa língua: A Música, As Ninfas do Vale, Espíritos Rebeldes, Asas Partidas, Uma Lágrima e um Sorriso, As Procissões, e Temporais. Quase todos estes livros causam um grande impacto no mundo árabe mexendo com temas polêmicos e trazendo transformações no tratamento do idioma, apontando-lhe outras possibilidades e tirando-lhe o véu de milênios. Gibran passa a ser reconhecido como escritor. Rebelde em literatura, conservador em matéria de artes plásticas, mas prezando com devoção a liberdade de criação e proclamando sua fé na liberdade do artista. Torna-se ao mesmo tempo um retratista de prestígio. Pratica com talento a arte de reproduzir rostos, e é requisitado com freqüência para retratar personalidades notáveis da época. Mas é na criação de telas que ele espera atingir o que concebe como uma pintura mística, com seus quadros refletindo sempre uma inspiração clássica. Dizia: “Quero que cada quadro seja o início de um outro quadro invisível”. Gibran deixa, pouco a pouco, de escrever em árabe, dedicando-se ao inglês, publicando, em 1919 seu primeiro livro nessa língua: O Louco. Outros lhe seguem: O Precursor; O Profeta; Areia e Espuma; Jesus, o Filho do Homem; Os Filhos da Terra. Depois de sua morte ainda serão publicados mais dois livros: O Errante e O Jardim do Profeta. Khalil Gibran morreu no dia 10 de abril de 1931, no Hospital São Vicente, em Nova Iorque, agonizando entre gemidos confusos, dentro de uma crise pulmonar que o deixara totalmente inconsciente. Tinha quarenta e sete anos de idade. Seu corpo, levado para Boston, fica sepultado provisoriamente no cemitério de Forest Hills. Em 21 de agosto de 1931 seus restos mortais são levados para Beirute, rumando depois, numa impressionante procissão, até Bicharre. No alto da montanha, Gibran é sepultado no antigo convento escavado na rocha de Mar Sarkis, onde ele imaginou viver seus últimos dias meditando. Sobre o túmulo onde descansa, uma simples inscrição: “Aqui, entre nós, dorme Gibran”. Gibran Khalil Gibran pregava a fé num ser humano elevado à sua mais infinita potência: “Não siga ninguém nem acredite em coisa nenhuma a não ser em sua própria imortalidade”. O Profeta, obra máxima de Gibran Khalil, vem alcançando sucesso permanente como poucos outros livros, desde seu lançamento em 1923. É um livro que atrai não só pelo pensamento e pelo estilo, mas também pela filosofia da vida nele contida. Khalil prega a ternura evangélica em meio ao progresso massacrante e à impiedosa competitividade dos tempos modernos. Sem impor ideologias, tenta despertar a bondade e a beleza escondidas sob a angústia e o desespero que perpassam nossa existência. Em suma, nos convida a vivermos as boas coisas da vida, a sermos dignos delas e a aproveitarmos o que há de mais elevado em cada um de nós.

Heis que vos deixo o primeiro texto de sua obra prima...



Khalil Gibran escreveu:Do Amor

Quando o amor o chamar
Seguie-o
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados
E quando ele vos envolver com suas asas
Cedei-lhe
Embora a espada oculta na sua plumagem possa feri-vos
E quando ele vos falar
Acreditai nele
Embora a sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim
Pois da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica
E da mesma forma que contribui para o vosso crescimento
Trabalha para vossa poda
E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol
Assim também desce até vossas raízes e a sacode no seu apego à terra
Como feixes de trigo ele vos aperta junto ao seu coração
Ele vos debulha para expor a vossa nudez
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas
Ele vos mói até extrema brancura
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis
Então ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino
Todas essas coisas o amor operará em vos para que conheçais os segredos de vossos corações
E com esse conhecimento vos convertais no pão místico do banquete divino
Todavia se no vosso temor procurardes somente a paz do amor, o gozo do amor
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez, abandonásseis a ira do amor
Para entrar num mundo sem estações onde rireis, mas não todos os vossos risos
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas
O amor nada dá, se não de si próprio
E nada recebe, se não de si próprio
O amor não possui nem se deixa possuir
Pois o amor basta-se a si mesmo
Quando um de vós ama, que não diga 'Deus está no meu coração'
Mas que diga antes 'Eu estou no coração de Deus'
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor pois o amor se vos achar dignos determinará ele próprio vosso curso
O amor não tem outro desejo se não o de atingir a sua plenitude
Se contudo amardes e precisardes ter desejos
Sejam estes os vossos desejos
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor
De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor
De voltardes pra casa à noite com gratidão
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado
E nos lábios uma canção de bem-aventurança



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