O Grimoire Aemaeth

Caros,

Considerando o início das atividades ritualísticas do forum, seria de bom alvitre que pudéssemos escrever o Grimoire.

Sei que temos membros especializados na confecção destes, mas podemos dar aqui um direcionamento. Conto com o apoio de todos para junto comigo, possam construir esse projeto.

Saudações!

Deixa eu ver se eu entendi...
Seria a criação de um grimoire para os rituais daqui do Aemaeth?

Exatamente.

O Grimoire é o ponto de condensação e materialização do conhecimento magistico,

Neste instrumento depositamos as forças e conhecimentos do magista de forma a deixa-los registrado para consultas futuras.

Seu principal objetivo e tornar claro o que o magista construiu, suas conquistas, seus experimentos e suas constatações, obviamente quero conceder à palavra claro o tom de concretude e logica.

Como certo sábio me disse uma vez "se não está escrito em seu grimoire, você não sabe".

O processo de instrospecção do conhecimento sugere, uma "digestão" do conteúdo apreendido de forma que ele faça parte de você, quando este conhecimento está apenas no campo das ideias o mesmo ainda está amorfo e sem substância. O ato de escrever, cria processos de conexão logica entre argumentos e experiências, arranja os conceitos e permite a sua transformação em linguagem inteligível (ao magista).

Conhecendo as limitações da linguagem humana, algumas experiências não possuem descrição plausível, mas o Magista pode através de símbolos expressar tais situações. O grimoire é repositório energético, portanto quando escrevemos e desenhamos nele deixamos impressos as nossas sensações, o que pode facilmente ser detectado através do uso da psicometria.

Sendo assim, não se preocupem se o que você vai escrever tenha sentido ou não para os outros, o Grimoire é pessoal, cada informação nele contida reflete a personalidade e os conhecimentos do magista.

Bom essa é um breve introdução e espero que os demais membros possam completar.

Saudações!

Lembremos que a Arte teve sua origem na magia, por essa razão a escrita, os símbolos e os desenhos feitos no Grimório também são magia e muitas vezes parte importante do ritual realizado, onde a vontade é mais uma vez firmada, onde o abstrato mais uma vez ganha forma.
No grimório anotamos as pesquisas, as descobertas, a vontade, os métodos e os resultados.
Aquilo que está no grimório, está entre o interno e o externo.

Como daremos início à uma nova série de práticas no fórum eu decidi complementar este tópico com algumas informações.

A palavra grimório, segundo o site Origem da palavra, etimologicamente tem a mesma origem da palavra gramática e costumava apontar entre os franceses para a gramática latina, incompreensível para os não-estudantes.

Com o passar do tempo muitas indicações para o que deveria ou não fazer parte do grimório foram formuladas, sendo até mesmo possível observar uma adaptação ao espirito de cada época, apresentarei aqui três versões que acredito representarem bem o que quero dizer.

Grimório Salomônico

Nas Clavículas de Salomão existe a instrução de confeccionar um livro contendo todas as preces, salmos, chaves, selos, caracteres que serão utilizados nas operações mágicas e que deverá ser consagrado já totalmente completado e utilizado no momento das operações. A dedicação ao livro durante o tempo de preparação para o rito garantirá a força do grimório como instrumento mágico. Serão dias copiando salmos inteiros, desenhando caracteres e anotando conjurações.

Liber Secretorum

John Dee viveu no período em que a ciência moderna começava a dar seus primeiros sinais de vida, período em que os métodos começavam a ganhar uma grande importância. E  foi dentro dessa realidade que ele desenvolveu seu próprio sistema de magia; a magia enochiana.
Os grimórios de John Dee carregavam o nome de Liber Secretorum e neles não estavam armazenados apenas o método, mas também os resultados, John Dee anotava todos os detalhes do rito assim como seus resultados, chegando a anotar até mesmo os diálogos travados entre ele, seu parceiro Edward Kelly e as entidades que se manifestavam. Em uma estrutura de pergunta e resposta semelhante àquela utilizada mais tarde por Allan Kardec no Livro dos Espiritos. O grimório de Dee não era escrito previamente como o salomônico, mas constantemente durante todo o seu trabalho mágico.

Os Diários Mágicos de Crowley

Aleister Crowley foi o fundador da ordem Astrum Argentum que traz como definição a frase: O método da ciência, o objetivo da religião.
Crowley era bastante organizado em seu método de anotações e vou transcrever abaixo algumas de suas orientações acerca da escrita no grimório.

Aleister Crowley escreveu:O Livro de Encantos ou Conjurações é o relatório de todo pensamento, palavra e façanha do Magista, pois tudo aquilo que ele quis, o quis para um propósito, de modo idêntico, é como se ele fizesse um juramento de realizar algo. Agora esse Livro deve ser um Livro santo, não um livro de rabiscos em que você anota rapidamente toda sorte de besteiras que lhe vêm à cabeça. Está escrito, Liber VII, v,23:"Todo alento, toda palavra, todo pensamento, toda façanha é um ato de amor para contigo. Seja essa devoção um encanto potente a exorcizar demônios dos Cinco!" ... Que ele dessa forma acautele-se para nada ali escrever que seja desarmônico e falso. Ele nem pode evitar a escrita, porquanto esse é um livro mágico. Se você abandonar, mesmo que por uma hora, o propósito único de sua vida, encontrará um número de garranchos e rabiscos sem significado sobre o véu branco; e estes não podem ser apagados. Em tal caso quando, quando você começar a conjurar um demônio pelo poder do Livro, ele o ridicularizará; ele apontará para toda essa tolice escrita, mais parecida com a dele do que com a sua. Você avançará contra ele inutilmente com os encantos subsequentes, pois partiu, por sua própria tolice, a cadeia que o teria confinado.

Até mesmo a caligrafia do livro deve ser firme, clara e bela; na nuvem do incenso é difícil ler as conjurações. Enquanto você turvamente espreitar através da fumaça, o demônio sumirá, e você terá que escrever a terrível palavra "fracasso". E ainda assim não há página desse livro em que essa palavra não esteja escrita; contanto que seja imediatamente seguida por uma nova afirmação, nem tudo estará perdido; e, assim como nesse Livro à palavra "fracasso" é atribuída pouca importância, da mesma forma a palavra "sucesso" nunca deverá ser empregada, pois essa é a última palavra que nele pode ser escrita, e será seguida por um ponto final.
Este ponto final jamais poderá ser escrito em qualquer lugar senão nesse, pois a escrita do Livro segue eternamente; não há modo de fechar o relatório até que o objetivo de tudo tenha sido conquistado. Que cada página desse Livro seja preenchido de canção - pois esse é um Livro de encanto!

Aleister Crowley escreveu:Aliás, a elaboração desse Relatório é o primeiro passo denominado Sammasati, que leva à aquisição da Memória Mágica -
a memória das suas encarnações anteriores.
...
Você deveria começar com seus pais e com as tradições da sua familia; as circunstâncias de seu nascimento e de sua educação; sua posição social,
situação financeira, física, saúde, doenças; sua vita sexualis; seus passatempos e entretenimentos; no que você é boa e no que não é; como se tornou interessada na Grande Obra; quais foram suas "prévias condições de servidão"(no caso de você ter estado em falsos caminhos...)

Aleister Crowley escreveu:O Diário Mágico é a primeira condição de avançamento. Ele é sua bússola, sua agenda e sua âncora de papel. Comece por um resumo de sua vida, incluindo suas origens, tais como a história da sua família, até o momento em que você decidiu devotar-se à Grande Obra. A ideia é delinear todas as motivações que o levaram a esse Portal. Só a partir disso você seria capaz de adivinhar quem é você, de onde veio e para onde está compelido a ir e ter claro o significado da Grande Obra pra você.
...
Então, tenha-o consigo diariamente, não registre o tempo que você levou barbeando-se e a temperatura da água de seu banho, mas todo o trabalho realizado e as reflexões que forem pertinentes ao seu progresso. Ele age como sua consciência e seu tutor; também é imensamente reconfortante quando você entra em depressão.

O Grimório Aemaeth

Para a confecção do Grimório Aemaeth, onde será anotado os resultados dessa nova série de de estudos e práticas, eu sugiro o seguinte:

Cada um deverá escolher um caderno, mas não qualquer caderno, a aparência do grimório deve diferenciá-lo de alguma forma de um simples caderno, se sua aparência for comum, deve-se modificá-lo de alguma maneira, encapando, por exemplo. Peço que, com exceção, da primeira pagina, que será usada como folha de rosto, as demais sejam numeradas previamente, de forma que se uma dessas páginas for arrancada tornará a contagem incoerente, com números faltantes. Na folha de rosto deverá haver o nome "Grimório Aemaeth", o nickname do membro do fórum a quem pertence e o sigilo alternativo. Na primeira página depois da folha de rosto deverá estar transcrito o Pacto. Nas páginas posteriores como nos ensina Crowley, um resumo de nossa vida e o caminho que nos levou até essas práticas, o que esperamos delas e como nos sentimos quanto a elas neste momento.

Depois disso em uma data que será marcada faremos a consagração do Grimório, seguido da escrita nele acerca deste rito.
A partir daí tudo que for aprendido ou praticado deverá ser posto no grimório, com data da escrita, data do acontecimento relatado, horários, aqueles que quiserem podem adicionar datas e horas astrológicas, isso ajudará na criação de analogias que auxiliarão em práticas futuras. Não se deve nunca arrancar páginas do grimório, como na vida não se pode desfazer um erro cometido. Quando errar, risque e escreva novamente. O grimório, sendo um instrumento e não apenas simples anotações devem ser escritos em papel, nunca virtualmente. No mais cada um aprenderá como lidar com seu grimório e terá esse tópico inteiro como orientação.

Qualquer dúvida, digam.

Sigilo Alternativo para ser utilizado na página de rosto do grimório.

E aqueles que desejarem utilizar datas e horas astrológicas devem proceder utilizando no lugar do dia, o número de dias que o Sol se encontra em determinado signo zodiacal, e o signo seria o equivalente ao mês, por exemplo:

dia 14 Sol em Gêmeos(pode-se utilizar o simbolo do planeta e do signo ao invés de escrevê-los)

Para as horas deve-se considerar o horário de nascimento do Sol, a primeira hora do dia é contada a partir do nascimento do Sol, assim como a primeira hora da noite é contada a partir do pôr do Sol.

segue a tabela:



O planeta regente de cada dia é aquele que rege o primeiro horário daquele dia, por exemplo; Domingo é o Sol, Segunda é a Lua, etc...