10 -Dogma e Ritual de Alta Magia Capítulos X e 10
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10 -Dogma e Ritual de Alta Magia Capítulos X e 10
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Malklord
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Última edição por Malklord em Ter Nov 07, 2017 1:03 am, editado 1 vez(es)
Re: 10 -Dogma e Ritual de Alta Magia Capítulos X e 10
Boa Tarde. Será as 20h de Brasília ou 20h de locais sem o horário de verão?
Ronin- Novato
- Mensagens : 8
Data de inscrição : 16/01/2017
Re: 10 -Dogma e Ritual de Alta Magia Capítulos X e 10
Exato, esqueci desse detalhe, sem horário de verão.
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Re: 10 -Dogma e Ritual de Alta Magia Capítulos X e 10
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Re: 10 -Dogma e Ritual de Alta Magia Capítulos X e 10
Olá, olá.
Parece que minha empolgação com psicanálise foi percebida . E eu que pensei que era discreto .
Vou comentar de maneira bastante resumida com o bocadinho de conhecimento que tenho no assunto.
Bem, de fato há três campos de estudo intimamente relacionados que são fundamentais para a psicanálise por esta pegar alguns dos seus conceitos emprestados, mas que são também igualmente importantes em sua aplicação em qualquer área de estudo: a linguística, que trata do estudo dos signos na linguagem falada e escrita; a semiótica ou semiologia que trata do estudo dos signos de uma forma mais ampla, não apenas restritos à linguagem falada, mas em toda forma de representação; a hermenêutica, voltada à interpretação de textos (entendam "texto" em sua concepção mais ampla), especialmente texto jurídicos e escrituras religiosas.
Meu conhecimento não vem do estudo aprofundado de nenhuma das três áreas, mas de algumas leituras dentro da semiologia psicológica/psiquiátrica (sintomas são signos, por exemplo) e a partir disso trago as seguintes definição:
* Sinais: quaisquer estímulos emitidos pelo ambiente, pelo que existe no mundo.
* Signos: são sinais sempre providos de significação, ou seja, que sempre remetem a alguma outra coisa, seja por similaridade física ou convenção.
Estes são os elementos fundamentais do estudo da linguística ou da semiologia.
Os signos, então, podem ser desmembrados em duas instâncias:
* Significante: o suporte material do signo, veículo do...
* Significado: conteúdo do signo, aquilo para que o signo aponta mas está ausente.
O som de uma palavra, por exemplo, é um significante, enquanto seu sentido, aquilo que ela representa, é um significado.
E nessa relação significante + significado = signo, podem se distinguir três tipos de signos:
* Ícone: alguma coisa que, por sua grande aparência física com aquilo que representa, remete imediatamente ao mesmo. Uma escultura ou uma pintura de alguém, por exemplo.
* Indicador: tem uma relação de contiguidade com aquilo que representa mas apenas aponta para ele. Ossinhos ou desenhos de patinhas de cachorro apontam para a ideia de um cachorro, mas não são representações exatas de um.
* Símbolo: são abstratos e convencionais, não têm nenhuma relação direta com aquilo que representam. Palavras, por exemplo, são símbolos. Entre o conjunto de letras C A S A e uma casa material não existe qualquer semelhança.
Pessoalmente acredito que, por si só, o entendimento desses elementos é de grande utilidade para a formulação, compreensão e execução de qualquer ritual. Em primeiro lugar quanto à disposição pessoal do operador: cada elemento ou instrumento utilizado tem tanta força ou efeito (que são tão bem direcionados) quanto correspondem ao conhecimento, entendimento e estado do magista, eles remetem a outros elementos que estão em outra ordem das coisas, são, enfim, significantes. Por mais que muitas vezes esteja lidando com elementos culturais, o magista acessa estados supra-conscientes com efeitos que vão reverberar em seu inconsciente. Para a psicanálise o inconsciente é subjetivo, ou seja, cada um tem o seu com conteúdos próprios e estrutura própria. Além disso o inconsciente é estruturado como linguagem, ou seja, seus signos estabelecem relações próprias dos signos, como entre significante e significado. Pela linguagem ser propriamente humana e pelo inconsciente ser idiossincrático, cada significante tem um significado em relação a outro significante, e não em relação a si mesmo, ou seja, sua "carga" vai depender da construção de cadeias de significantes tanto ao longo da vida do sujeito quanto em cada momento em que um deles é evocado. Por fim, o inconsciente é estrutura para o sujeito, enquanto a consciência é função, ou seja, ao lidar com o inconsciente você está lidando diretamente com a estrutura, os elementos de um ritual apenas objetificam (tornam objeto sujeito à observação e manipulação) aquilo que é subjetivo (o que é do sujeito, que é aquele que age). Enfim, vejam bem o quão é importante é conhecer a si mesmo e sua relação com aquilo que pretende tratar.
Imagine que você, em um ritual, usa uma estatueta de Odin, um ícone da divindade que é um símbolo para um conjunto de ideias, uma delas representada pelo epíteto "O Pai de Todos", podendo torná-lo, para você, um índice para seu próprio pai e sua relação com ele. Quais tipos afetos essa estatueta pode evocar em você, especialmente quando relacionada aos outros elementos e propósitos do ritual? Entra aqui, além do conhecimento de si mesmo, a capacidade de controle de cada um, de estar firme em um centro definido, como dito na apresentação do capítulo 11.
Além disso, apesar do inconsciente ser subjetivo e estruturado como linguagem, a linguagem em si é instrumento de comunicação (e mal-entendidos XD) e está para além do sujeito. Cada significante vai estar ligado a um significado a depender da cultura em que se apresente. Fazer o sinal de V com os dedos das mãos, por exemplo, é signo de vitória e paz aqui no Brasil mas é bastante ofensivo no Reino Unido e, dependendo do contexto, vai significar apenas o numero 2. Se nós estamos lidado com uma determinada egrégora, é importante conhecer e ser capaz de relacionar os elementos usados de acordo com as ideias daquela egrégora a fim de não causar conflitos e obter resultados... complicados. Em magia cerimonial, por exemplo, é fundamental ser preciso nos elementos utilizados e ter profundo conhecimento do que representam. Se misturas forem feitas o cuidado deve ser ainda maior. Nos rituais nórdicos do fórum foram utilizadas, por exemplo, lâminas do tarot, um caso em que se deve avaliar bem se as figuras como um todo e cada uma de suas partes estão de acordo com as ideias dos rituais dentro daquela egrégora especifica.
Por fim, saindo um pouco das elucubrações voltadas à semiologia e pensando no ritual como um todo, entender o que um rito representa e qual o seu lugar dentro de uma cultura em que acontece é outro aspecto fundamental. A mim parece que grande parte do Dogma se esforça em construir a noção de que magia não é simples utilitarismo (o que seria na verdade a feitiçaria), mas um caminho de desenvolvimento e aquisição da sabedoria, paralela então à filosofia. Freud, que tinha uma visão desenvolvimentista do ser humano, utiliza, em diversas ocasiões, mitos para falar desse desenvolvimento, e mitos sempre são muito mais do que uma sucessão de eventos fictícios, eles falam na verdade de aspectos da psiquê, a alma humana, ou da sociedade (eis uma fonte infinita de mal-entendidos que o senso comum insiste em sustentar sobre a psicanálise). A mim parece que alguns rituais são, em verdade, vivências de mitos com o proposito fazer o sujeito absorver seus significados se desenvolver de determinada forma. Rituais de passagem e iniciação por exemplo, que têm como efeito reposicionar o sujeito na sociedade tanto para os outros quanto para ele mesmo. Ou as celebrações de ciclos míticos em que os participantes encarnam deuses ou os ajudam em suas tarefas (as rodas do ano). Isso talvez seja campo para a hermenêutica, a interpretação dos textos sagrados.
Outra vertente teórica que teria muito a dizer sobre o assunto, mas que eu tenho ainda menos domínio que a psicanálise, é a psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Para ele o inconsciente é objetivo, ou seja, coletivo, para além do sujeito, e compreende estruturas como os arquétipos, ideias primordiais que têm suas facetas representadas e vivenciadas de diferentes formas em diferentes culturas (ou pelo menos assim entendo).
Bem, é isso. Hoje em dia Dona Nienna tem mais conhecimento que eu sobre psicanálise, então a evoco aqui caso tenha alguma coisa a acrescentar ou alguma correção a fazer.
Parece que minha empolgação com psicanálise foi percebida . E eu que pensei que era discreto .
Vou comentar de maneira bastante resumida com o bocadinho de conhecimento que tenho no assunto.
Bem, de fato há três campos de estudo intimamente relacionados que são fundamentais para a psicanálise por esta pegar alguns dos seus conceitos emprestados, mas que são também igualmente importantes em sua aplicação em qualquer área de estudo: a linguística, que trata do estudo dos signos na linguagem falada e escrita; a semiótica ou semiologia que trata do estudo dos signos de uma forma mais ampla, não apenas restritos à linguagem falada, mas em toda forma de representação; a hermenêutica, voltada à interpretação de textos (entendam "texto" em sua concepção mais ampla), especialmente texto jurídicos e escrituras religiosas.
Meu conhecimento não vem do estudo aprofundado de nenhuma das três áreas, mas de algumas leituras dentro da semiologia psicológica/psiquiátrica (sintomas são signos, por exemplo) e a partir disso trago as seguintes definição:
* Sinais: quaisquer estímulos emitidos pelo ambiente, pelo que existe no mundo.
* Signos: são sinais sempre providos de significação, ou seja, que sempre remetem a alguma outra coisa, seja por similaridade física ou convenção.
Estes são os elementos fundamentais do estudo da linguística ou da semiologia.
Os signos, então, podem ser desmembrados em duas instâncias:
* Significante: o suporte material do signo, veículo do...
* Significado: conteúdo do signo, aquilo para que o signo aponta mas está ausente.
O som de uma palavra, por exemplo, é um significante, enquanto seu sentido, aquilo que ela representa, é um significado.
E nessa relação significante + significado = signo, podem se distinguir três tipos de signos:
* Ícone: alguma coisa que, por sua grande aparência física com aquilo que representa, remete imediatamente ao mesmo. Uma escultura ou uma pintura de alguém, por exemplo.
* Indicador: tem uma relação de contiguidade com aquilo que representa mas apenas aponta para ele. Ossinhos ou desenhos de patinhas de cachorro apontam para a ideia de um cachorro, mas não são representações exatas de um.
* Símbolo: são abstratos e convencionais, não têm nenhuma relação direta com aquilo que representam. Palavras, por exemplo, são símbolos. Entre o conjunto de letras C A S A e uma casa material não existe qualquer semelhança.
Pessoalmente acredito que, por si só, o entendimento desses elementos é de grande utilidade para a formulação, compreensão e execução de qualquer ritual. Em primeiro lugar quanto à disposição pessoal do operador: cada elemento ou instrumento utilizado tem tanta força ou efeito (que são tão bem direcionados) quanto correspondem ao conhecimento, entendimento e estado do magista, eles remetem a outros elementos que estão em outra ordem das coisas, são, enfim, significantes. Por mais que muitas vezes esteja lidando com elementos culturais, o magista acessa estados supra-conscientes com efeitos que vão reverberar em seu inconsciente. Para a psicanálise o inconsciente é subjetivo, ou seja, cada um tem o seu com conteúdos próprios e estrutura própria. Além disso o inconsciente é estruturado como linguagem, ou seja, seus signos estabelecem relações próprias dos signos, como entre significante e significado. Pela linguagem ser propriamente humana e pelo inconsciente ser idiossincrático, cada significante tem um significado em relação a outro significante, e não em relação a si mesmo, ou seja, sua "carga" vai depender da construção de cadeias de significantes tanto ao longo da vida do sujeito quanto em cada momento em que um deles é evocado. Por fim, o inconsciente é estrutura para o sujeito, enquanto a consciência é função, ou seja, ao lidar com o inconsciente você está lidando diretamente com a estrutura, os elementos de um ritual apenas objetificam (tornam objeto sujeito à observação e manipulação) aquilo que é subjetivo (o que é do sujeito, que é aquele que age). Enfim, vejam bem o quão é importante é conhecer a si mesmo e sua relação com aquilo que pretende tratar.
Imagine que você, em um ritual, usa uma estatueta de Odin, um ícone da divindade que é um símbolo para um conjunto de ideias, uma delas representada pelo epíteto "O Pai de Todos", podendo torná-lo, para você, um índice para seu próprio pai e sua relação com ele. Quais tipos afetos essa estatueta pode evocar em você, especialmente quando relacionada aos outros elementos e propósitos do ritual? Entra aqui, além do conhecimento de si mesmo, a capacidade de controle de cada um, de estar firme em um centro definido, como dito na apresentação do capítulo 11.
Além disso, apesar do inconsciente ser subjetivo e estruturado como linguagem, a linguagem em si é instrumento de comunicação (e mal-entendidos XD) e está para além do sujeito. Cada significante vai estar ligado a um significado a depender da cultura em que se apresente. Fazer o sinal de V com os dedos das mãos, por exemplo, é signo de vitória e paz aqui no Brasil mas é bastante ofensivo no Reino Unido e, dependendo do contexto, vai significar apenas o numero 2. Se nós estamos lidado com uma determinada egrégora, é importante conhecer e ser capaz de relacionar os elementos usados de acordo com as ideias daquela egrégora a fim de não causar conflitos e obter resultados... complicados. Em magia cerimonial, por exemplo, é fundamental ser preciso nos elementos utilizados e ter profundo conhecimento do que representam. Se misturas forem feitas o cuidado deve ser ainda maior. Nos rituais nórdicos do fórum foram utilizadas, por exemplo, lâminas do tarot, um caso em que se deve avaliar bem se as figuras como um todo e cada uma de suas partes estão de acordo com as ideias dos rituais dentro daquela egrégora especifica.
Por fim, saindo um pouco das elucubrações voltadas à semiologia e pensando no ritual como um todo, entender o que um rito representa e qual o seu lugar dentro de uma cultura em que acontece é outro aspecto fundamental. A mim parece que grande parte do Dogma se esforça em construir a noção de que magia não é simples utilitarismo (o que seria na verdade a feitiçaria), mas um caminho de desenvolvimento e aquisição da sabedoria, paralela então à filosofia. Freud, que tinha uma visão desenvolvimentista do ser humano, utiliza, em diversas ocasiões, mitos para falar desse desenvolvimento, e mitos sempre são muito mais do que uma sucessão de eventos fictícios, eles falam na verdade de aspectos da psiquê, a alma humana, ou da sociedade (eis uma fonte infinita de mal-entendidos que o senso comum insiste em sustentar sobre a psicanálise). A mim parece que alguns rituais são, em verdade, vivências de mitos com o proposito fazer o sujeito absorver seus significados se desenvolver de determinada forma. Rituais de passagem e iniciação por exemplo, que têm como efeito reposicionar o sujeito na sociedade tanto para os outros quanto para ele mesmo. Ou as celebrações de ciclos míticos em que os participantes encarnam deuses ou os ajudam em suas tarefas (as rodas do ano). Isso talvez seja campo para a hermenêutica, a interpretação dos textos sagrados.
Outra vertente teórica que teria muito a dizer sobre o assunto, mas que eu tenho ainda menos domínio que a psicanálise, é a psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Para ele o inconsciente é objetivo, ou seja, coletivo, para além do sujeito, e compreende estruturas como os arquétipos, ideias primordiais que têm suas facetas representadas e vivenciadas de diferentes formas em diferentes culturas (ou pelo menos assim entendo).
Bem, é isso. Hoje em dia Dona Nienna tem mais conhecimento que eu sobre psicanálise, então a evoco aqui caso tenha alguma coisa a acrescentar ou alguma correção a fazer.
Nauta- Neófito
- Mensagens : 141
Data de inscrição : 21/02/2015
Idade : 32
Localização : Salvador
Re: 10 -Dogma e Ritual de Alta Magia Capítulos X e 10
Sobre todo o dito, acho que a arte é uma forma (talvez) superior de linguagem, e pode falar ainda melhor sobre a resposta passada. A imagem seguinte é uma pintura chamada A Traição das Imagens, do artista René Magritte. Nela se lê "Isto não é um cachimbo".
Nauta- Neófito
- Mensagens : 141
Data de inscrição : 21/02/2015
Idade : 32
Localização : Salvador
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