Mitologia Celta

Neste tópico vamos reunir as histórias especificas da mitologia Celta. Definir exatamente o que é Celta pode ser complicado para nós, leigos, mas sintam-se livres para postar os relatos da ocupação da Irlanda bem como aqueles de povos que se identificam histórica, cultural e/ou linguisticamente com os celtas (Bretanha, Galícia, etc.). Correlações com outras culturas para fins de discussão são bem vindas, mas mantenham o bom senso. Zeus é grego, Júpiter é romano, Odin e Thor são escandinavos, Lugh e Dagda são celtas, Moisés é judaico-cristão, Xangô é do candomblé..


Lugh:

Lugh é uma criança prometida, prevista em uma profecia dirigida a seu avô, Balor, um Fomorian, que dizia que este seria morto por um de seus netos. Por causa da previsão, Balor prendeu sua filha em uma torre distante que nenhum homem poderia acessar. Por obra do destino, Cian, um Tuatha de Danann acaba chegando à torre e seduz Ethniu, a filha de Balor, que dá à luz três filhos. Dois dos bebês são sacrificados por afogamento a mando de Balor, mas um sobrevive sendo criado por um ferreiro. Já adulto, Lugh retorna ao hall dos Tuatha de Danann como um libertador, já que estes eram oprimidos pelos Fomorian.
Conta a história que, ao chegar às portas da corte do rei Nuada, dos Tuatha de Danann, Lugh foi parado pelo porteiro que lhe perguntou que habilidade ele tinha a oferecer para que fosse aceito no recinto. Ele se oferece como ferreiro, poeta, artesão, guerreiro, harpista, magista, e diversos outros serviços, todos eles rejeitados pois os Tuatha de Danann sempre tinham já alguém que executasse a tarefa oferecida. Lugh pergunta então se eles têm alguém que faça todas essas coisas com maestria e assim consegue se juntar ao panteão.
É ele quem lidera os Thuatha de Danann contra Balor, tirano rei dos Fomorian, e o derrota acertando uma pedra em seu olho que era tão vil que matava qualquer um para quem ele olhasse.
Nuada dá a Lugh sua espada, Fragarach, a que sussura.

Manannán mac Lir:



Ou Manannán filho do Oceano (Lir, uma divindade primordial), era uma divindade celta ligada ao oceano e soberano da ilha Emain Ablach (a ilha das maçãs) relacionada à Ilha de Man (que tem o nome derivado de Manannán) ou com um lugar no Síd, o outro mundo. Ele é o dono dos porcos servidos no banquete de Goibniu, que revivem depois de mortos e que eram o segredo da imortalidade dos Thuatha Dé Dannan. É capaz de esconder ou revelar lugares do Síd em sua névoa, transportando pessoas ao outro mundo. É ele quem dá lugar aos Thuatha Dé Dannan depois da conquista da Irlanda pelos Milesians, lhes dando invisibilidade em sua névoa.

Cailleach



Deusa ligada ao inverno, ao frio e às tempestades invernais para diversos povos celtas. Seus mitos assumem grande variedade a depender do povo que os conta, da época e dos estrato social em que circulam. O folclorista Gearóid Ó Crualaoich¹ levanta a hipótese de que, para os leigos e população iletrada, Cailleach era uma deusa que personificava o mundo selvagem, a terra bruta, e que ela teria sido inclusive responsável por formar fisicamente a Irlanda, enquanto os eruditos, mais tarde, tomaram a simbologia desses mitos para identificar a deusa com a terra/nação, tornando-a um símbolos de soberania, consorte de reis, venerável e forte. ​Algumas das características gerais ligadas à ela são:

- É uma "mulher velha" (que inclusive é o significado de seu nome) ou velha bruxa, ligada à magia e ao mistério.
- Está ligada às montanhas, ao terreno e ao relevo. Há mitos que dizem que sua origem é a Noruega, e que ela trouxe consigo as pedras que formaram a costa da Irlanda. Outros mitos dizem que ela derruba pedras aos caminhar e estas formam as montanhas.
- Está ligada ao inverno e ao fim da vida não necessariamente humana, mas ao período de hibernação da natureza. Há mitos que a associam a Brigit, dizendo que este é sequestrada por Cailleach a cada Samhain (que significa "fim do verão), ou que as duas são a mesma Deusa em fases diferentes de seu ciclo natural.
- Ligada à juventude e às idades da terra, muitas vezes com as idades da nação, sendo uma deusa que rejuvenesceu muitas vezes antes de finalmente morrer, tendo esposado reis e sendo a origem de diversas tribos.
- É ligada à agricultura. Há um mito com muitas versões em que a deusa desafia qualquer um a vencê-la em uma competição de colheita, o que ninguém consegue. Em algumas versões aqueles que perdem têm suas pernas arrancadas pela foice de Cailleach, ou suas vidas ceifadas. Um Herói então a desafia e, ajudado por conselhos e magia/instrumentos mágicos vindos de um ferreiro ou filha de m ferreiro, vence a deusa e leva um grande prêmio.

Esta ultima história me faz pensar na conquista do homem da sabedoria do cultivo, da agricultura e dos instrumentos necessários para tornar seu trabalho mais eficiente, conseguindo cultivar bem e colher sua plantação antes que o inverno a tome.



Referência só pra quem quiser ler também, nada de academicismo aqui, foi só uma leitura livre, tem muito mais fontes legais no mundo. Paz.
1) Ó Crualaoich, G. (1988). Continuity and Adaptation in Legends of Cailleach Bhéarra. Béaloideas, 56, 153-178. doi:10.2307/20522313